Por Mateus Maciel, publicado no Instituto Liberal
É comum economistas, jornalistas e, principalmente, políticos defenderem as exportações em detrimento das importações. No Brasil, o modelo de substituição de importações, que visava produzir cada vez mais produtos em solo nacional ao invés de importá-los, foi adotado durante várias décadas. Com isso, quando o Brasil começou a se abrir para o mundo, a partir do governo Collor, a indústria brasileira estava profundamente dependente de medidas protecionistas, atrasada e produzindo produtos caros e de baixa qualidade.
A partir da década de 1990, houve uma melhora grande nesse quadro. Contudo, nos últimos anos, o governo parece estar repetindo a história, protegendo cada vez mais setores da indústria, com o objetivo de não exportar empregos. Dessa forma, devido a tais políticas, as indústrias brasileiras vêm novamente se tornando dependente de medidas protecionistas, uma vez que são incapazes de competir com as estrangeiras.
De fato, os industriais reclamam da alta carga tributária, encargos trabalhistas, baixa qualificação da mão de obra e taxa de câmbio. Entretanto, ao invés de utilizarem seu poderoso lobby em Brasília para tentar reverter essa situação, os empresários acabam pedindo por mais intervenções do governo na economia. A mão do Estado, porém, acaba agraciando os grandes conglomerados industriais, ao passo que pune as pequenas e médias empresas quem não são capazes de arcar com os custos de mais protecionismo.
Tal custo para o Brasil (que é o país mais fechado do G-20) e para as pequenas e médias empresas é tremendo. Um exemplo é a política de conteúdo nacional imposta pelo governo, que obriga os produtos produzidos internamente a terem uma porcentagem mínima de conteúdo nacional. Com isso, os burocratas visam gerar mais empregos em solo brasileiro.
O problema é que, como os fornecedores nacionais operam em regime de monopólio (pois são poucos), a qualidade dos componentes acaba sendo ruim e o preço alto, se comparado aos componentes importados. Os brasileiros, no final, acabam tendo que adquirir produtos ruins e caros. Nossos automóveis (reprovados em inúmeros testes de qualidade) são o melhor exemplo disso.
O Brasil, portanto, precisa se integrar às cadeias globais de valor. As indústrias passariam a ter liberdade para poder importar componentes para produzir seu produto final. Os brasileiros não teriam que ir até Nova York ou Miami para ter acesso a produtos mais baratos e de melhor qualidade, podendo adquiri-los em um shopping perto de sua casa.
É evidente que as indústrias que não fossem capazes de competir com as estrangeiras iriam à falência e vários empregos seriam perdidos, no curto prazo. Entretanto, como os brasileiros passariam a ter mais dinheiro sobrando, pois passariam a pagar menos pelos produtos importados ou que usam competentes de fora, e poderiam comprar outros produtos. A demanda por produtos de outros setores da economia iria aumentar, fazendo que mais mão de obra fosse demandada. Com isso, em longo prazo, o desemprego gerado pela abertura econômica seria reduzido.
Nem é preciso mencionar que uma abertura teria que ser acompanhada de uma reforma fiscal e trabalhista, sem falar que o câmbio precisaria ser flutuante (leia-se livre de manipulações por parte do Banco Central). Dessa forma, a abertura não comprometeria as contas públicas e os encargos das indústrias com impostos e funcionários seriam reduzidos.
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