Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal
O Brasil que eu quero, em primeiríssimo lugar, é um Brasil em que não perseverem as estatísticas de sessenta mil homicídios por ano. Um Brasil em que as autoridades pelo menos se portem como quem reconhece a situação de conflagração aberta contra as organizações criminosas, contra o poder paralelo, em vez de tratar nossos números alarmantes, de escandalizar países em guerra civil, como algo “naturalizado” a ser levado em “banho maria”.
O Brasil que eu quero é justamente um Brasil em que essas cenas bárbaras que vemos nos noticiários sejam vistas como algo anormal e intolerável, não parte inerente da rotina, não algo que vai ser resolvido com “educação” e “desencarceramento”. Sem o reconhecimento disso, resta sufocada a liberdade de ir e vir, resta comprometida a dinâmica da atividade econômica.
O Brasil que eu quero é um Brasil que cesse de proteger grupelhos terroristas travestidos de “movimentos sociais”, perturbando quem produz e aviltando a sacralidade da propriedade privada.
O Brasil que eu quero é um Brasil que fale grosso com Nicolás Maduro. O Brasil que eu quero é um Brasil que construa relações comercialmente vantajosas e cesse de oferecer suporte a alinhamento ideológico a ditaduras socialistas. O Brasil que eu quero é um Brasil que se faça respeitar por quem importa, mesmo que a imprensa internacional de viés à esquerda se escandalize, como se escandaliza com Donald Trump – afinal, quem escandaliza, é porque tem importância. É um Brasil com um novo Itamaraty, à altura de suas históricas tradições.
O Brasil que eu quero é um Brasil que promova o corte na burocracia, na máquina, nos ministérios, desmonte os penduricalhos, simplifique a tributação, abandone a aposta cega no Estado-leviatã como promotor da “justiça social” e de algum tipo de nova era cidadã. O Brasil que eu quero é um Brasil que rompa enfaticamente com os alicerces culturais e simbólicos da Nova República, um período gestado sob a égide do dirigismo e do verniz de “progressismo” social a encobrir a potencialização do velho patrimonialismo e as teias totalitárias do “socialismo do século XXI”.
O Brasil que eu quero é um Brasil que evolua no sentido de reduzir a dimensão empresarial do Estado, que já não tem qualquer sustentação e contribui apenas para a ineficiência e a corrupção. O Brasil que eu quero é um Brasil que não tenha peias em aplicar a privatização das estatais como mais do que um imperativo orçamentário: uma diretriz programática.
O Brasil que eu quero é um Brasil em que a educação deixe de ser uma fábrica de militantes lobotomizados ou, na melhor das hipóteses, de analfabetos funcionais, abdicando da insanidade de expor as crianças e jovens a ideologias esclerosadas e pseudocientíficas. O Brasil que eu quero é um Brasil que se mostre capaz de colher, nesse e em outros setores, as lições de países cujos índices são notoriamente mais prósperos.
O Brasil que eu quero é um Brasil sem populismo no manejo das contas públicas, alérgico à inflação e capaz de criar um ambiente favorável ao empreendedorismo, ao fluxo de trocas de mercado, à geração da riqueza que fará frente ao desemprego.
O Brasil que eu quero é um Brasil que extermine os monopólios, valorize a concorrência, respeite as prerrogativas das famílias e dos indivíduos. O Brasil que eu quero é, por que não, um Brasil que cultive mais o patriotismo e as referências cívicas, em vez de orbitar o imaginário apátrida dos socialistas e da “beautiful people” cosmopolita para quem o grande problema do Brasil está nos banheiros divididos por sexo ou qualquer birutice do gênero.
Esse Brasil que eu quero não sairá das urnas no próximo domingo, dia 28. Não existe mágica, nem milagre. No entanto, já tendo ponderado as qualidades e defeitos de Jair Bolsonaro, consultando seu programa de governo, posso enxergar uma oportunidade, uma chance de que sua chapa faça um esforço na direção desse plano de aspirações e convicções que esposo. Já com a vitória do PT, não existe a menor chance de o Brasil que eu quero se realizar.
Não é uma questão de “bolsonar”, como alguns estimados liberais estão dizendo por aí. O programa de governo do Bolsonaro é mais completo, no que diz respeito aos nossos anseios, do que qualquer programa que o PSDB tenha apresentado. Os antipetistas já votaram em programas de sotaque totalmente social democrata, como o de José Serra, por exemplo, para derrotar Lula e sua gangue. Não há nenhum absurdo em votar no programa do PSL nesta eleição de 2018. Se pode dar tudo errado? Pode; não temos bola de cristal e não adivinhamos o futuro. Porém, só uma aposta é razoável.
A outra é inadmissível, até porque já não seria mais uma aposta, mas uma insistência em uma agenda nefasta cujos resultados são palpáveis, no Brasil e em seus arredores. Seria assinar embaixo do drama dos nossos vizinhos venezuelanos. Seria aceitar como menos ruim – na melhor das hipóteses, ainda assim absurda, como algo no mesmo nível de inadmissibilidade que a eleição do “capitão” – que o país seja governado da cadeia. Seria, ela sim, jogar princípios e senso de proporções no lixo.
O resto, fiscalizamos e cobramos depois, como devemos fazer com qualquer político. Agora, Jair Bolsonaro precisa ser eleito presidente do Brasil. Até segunda-feira, quando saberemos se o Brasil optou pela incerteza do sucesso ou pela certeza da imoralidade e do desastre.
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