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O centenário da utopia assassina

Vladimir Ilyich Lenin (1870 - 1924), Russian revolutionary, making a speech in Moscow. Original Publication: People Disc - HG0194 (Photo by Keystone/Getty Images) (Foto: )

Outubro de 1917. Revolucionários bolcheviques davam um golpe dentro do golpe, meses após a derrubada do czar, instaurando na Rússia o primeiro regime comunista. Em pouco tempo os trogloditas de Lenin já tinham matado mais gente do que o regime czarista em quase um século!

O terror imposto, a morte deliberada por inanição, as execuções sumárias e até mesmo a guerra civil foram instrumentos utilizados pelos “igualitários”, que não mediam esforços em prol de seu prêmio: nada menos do que o “paraíso terrestre”.

Aqueles revolucionários estavam, no fundo, dando continuidade ao que os jacobinos iniciaram na Revolução Francesa. A classe de “intelectuais”, desde Rousseau, tenta sonhar com “um mundo melhor”, e não se importa muito se sua visão romântica for combustível para a violência de brutamontes. É uma violência “redentora”, afinal.

Alguns, vejam só!, admitem até os “excessos” ou as “inadequações” da coisa, mas a ilusão é tão sedutora que justifica uma nova tentativa. E mais uma, e mais uma. URSS, China, Camboja, Vietnã, Cuba e tantos outros experimentos, ratos de laboratório dos engenheiros sociais, sempre com o mesmo resultado: terror, miséria, escravidão. A Venezuela é apenas a nova cobaia do “socialismo do século XXI”.

E nada de abalar a fé dos crentes. Sim, pois o comunismo não passa de uma seita ideológica, uma religião política, um “ópio dos intelectuais”. E não pensem que ele morreu: continua bem vivo, sob novas embalagens, usando bandeira com arco-íris, afirmando que a “vida dos negros importa”, como se a dos outros não, ou até mesmo envolto em clorofila. Mas é o velho comunismo, a utopia “igualitária” que subverte a moral “burguesa”, que quer destruir a propriedade privada, a família, o cristianismo, as liberdades individuais.

Cem anos depois – e cem milhões de mortes depois – ainda há quem relativize o comunismo, quem tente encontrar atenuantes ou justificar o uso da foice e do martelo como símbolo político em pleno século XXI. É como se alguém tentasse revalidar a suástica nazista enaltecendo a “busca pelos ideais” de Hitler e seus cúmplices.

No Brasil, ainda temos partidos relevantes, como o próprio PT, defendendo ditaduras comunistas ou elogiando a utopia em si, que teria sido apenas “desvirtuada”. Eles afirmam que “deturparam Marx”, mas Marx pregava exatamente a ditadura do proletariado, é o pai intelectual indissociável da tragédia comunista.

Não há possibilidade de meio termo, de contemporização aqui: quem defende o comunismo ou o socialismo é inimigo da liberdade, da democracia, da ética, da vida humana. Que essa turma, mesmo depois de tudo, ainda tente monopolizar as virtudes e falar em nome dos “fracos e oprimidos”, essa é a maior perversão que já se viu.

Artigo originalmente publicado na revista IstoÉ

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