O uso político-ideológico que muitos fizeram do triste caso envolvendo a menina de 16 numa favela do Rio já deu. Deveriam ter mais algum respeito pela própria moça. Mas volto ao assunto apenas para pontuar algumas questões importantes. A começar pelo viés sempre seletivo que a esquerda coletivista adota.
Vejamos: o coletivismo é aquela mania de pegar uma só característica e considerá-la como a única relevante, desprezando todo o restante que compõe um indivíduo. O nacionalista só enxerga nacionalidade, o marxista só vê classe, o racista só olha a “raça” e a feminista só tem olhos para o gênero. Quem morre nesse processo é o indivíduo, composto por todas essas características e muitas mais. O liberal é aquele que foca justamente no indivíduo.
Pois bem: claro que as feministas, seres normalmente odientos e recalcados, usaram o suposto estupro coletivo para atacar seu alvo predileto: o homem. Não foram 20 ou 30 indivíduos criminosos, marginais, bárbaros, que fizeram aquilo; foram “homens” contra “mulheres”, todas as mulheres, como não cansaram de repetir por aí.
Mas um outro coletivista poderia focar em uma das demais características. Repararam, por exemplo, que a imensa maioria dos supostos estupradores era… negra? Dos sete que a imprensa mostrou, ao menos cinco eram negros ou mulatos. Já pensou se um racista usasse o crime para falar que se trata de um ataque de “negros” contra “mulheres”? Ia ter péssima repercussão, não é mesmo?
Outro coletivista, dessa vez um classista (de)formado nas hostes marxistas, poderia alegar que o crime foi cometido por pobres, favelados. Ele diria, então, que é um absurdo “pobres” estuprarem “mulheres”. E alguém consegue imaginar a reação de um Marcelo Freixo da vida diante disso? “Negros pobres estupraram menina”, diria a manchete. Que pesadelo para a marcha dos oprimidos!
Digo isso para chamar a atenção para o duplo padrão constante dessa gente coletivista. Se você fica espantado com a falta de coerência deles, se ainda se choca com a hipocrisia de quem enaltece o movimento gay ao mesmo tempo em que defende os muçulmanos, darei uma receita certeira para compreender esse pessoal: olhem o denominador comum.
E nele você encontrará sempre o “homem branco heterossexual judeu-cristão”, ou seja, o homem ocidental. É ele o “crápula da História”, o grande “opressor” de todas as pobres “minorias”. Por isso que quando não é “ele” a praticar os atos bárbaros, as demais caraterísticas permanecem ocultas. Se foi homem, mas negro e pobre, então só se fala do gênero. Se foi homem islâmico, então deixa-se de lado a religião. E por aí vai.
Não é uma postura muito honesta, claro. Mas quem disse que a “marcha dos oprimidos” liga para a honestidade intelectual?
Rodrigo Constantino
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