Meus amigos Flavio Quintela e Bene Barbosa me deram de presente durante o Fórum da Liberdade seu novo livro Mentiram para mim sobre o desarmamento, uma espécie de sequência escrita agora a quatro mãos do anterior Mentiram (e muito) para mim, que tive a honra de escrever a orelha. O livro novo é um fulminante ataque aos principais argumentos, ou melhor, às falácias disseminadas pelos defensores do desarmamento civil. Não fica pedra sobre pedra.
A leitura das 150 páginas é agradável e leve, apesar do tema um tanto complexo. Inúmeras citações percorrem a obra, como as excelentes epígrafes que abrem cada capítulo. O prefácio também merece menção, pois o coronel Jairo Paes de Lira demonstra grande poder de síntese, exortando, ao final, os leitores “a estudar a obra e a utilizar esse arsenal intelectual no renhido combate em que todos temos o dever de engajar-nos por nossa causa comum, que é de uma Pátria livre dos grilhões da covardia, onde cada brasileiro seja dotado de disposição e de meios materiais para exercer a autodefesa, direito natural de todas as gentes”.
Cada capítulo refuta uma típica falácia dos desarmamentistas, tão repetidas pela grande imprensa e pelas ONGs endinheiradas que recebem verbas inclusive do exterior. O uso de meias verdades ou estatísticas distorcidas e espúrias gera um efeito ainda mais perverso, pois uma grande mentira acaba sendo contada para a população de forma mais convincente. Mas a tática é exposta pelos autores e desnuda os mentirosos e suas manipulações. A ignorância, como lembram, é terreno fértil para os sedentos por poder, e o livro é uma munição contra tal ignorância, desfazendo mitos enraizados.
O aspecto histórico é trazido à baila também, mostrando como todos os tiranos tentaram desarmar a população, não, obviamente, por alguma preocupação com seu bem-estar, mas sim para facilitar a conquista do poder e impedir qualquer resistência. Se Mao e Lenin não desejavam uma população armada, os “pais fundadores” dos Estados Unidos julgavam o direito de ter e portar armas algo inalienável. O tempo mostrou quem realmente lutava pela paz e liberdade.
A visão paternalista de esquerda, que transforma o estado num pai benevolente, é fortemente atacada pelos autores, que reforçam a importância da responsabilidade individual. A própria mentalidade que transforma a arma – um objeto inanimado – no vilão, muitas vezes tratada como a autora do crime, mostra como esses “intelectuais” de esquerda perderam contato com a realidade. Arma não mata; quem mata é o homem. Uma obviedade bastante ignorada.
Quem defende o desarmamento tenta argumentar que a existência de mais armas legais acaba fomentando a violência e o crime. Nada mais falso. Países mais armados apresentam estatísticas de maior segurança, e estados mais armados dentro do mesmo país também. Onde não há sequer correlação, como inferir causalidade? Se a afirmação fosse verdadeira, o Brasil seria um oásis pacífico, pois possui, desde 2004, um dos modelos mais restritivos para posse de arma. Já a Suíça ou mesmo os Estados Unidos seriam um faroeste caboclo, e não países com baixíssimos ou baixos índices de criminalidade.
A ideia de que as armas usadas pelos criminosos vêm dos cidadãos de bem também não se sustenta em fatos, como mostram os autores. A imensa maioria vem do mercado negro mesmo. O desarmamento, portanto, atinge somente o cidadão ordeiro, cumpridor das leis. E a garantia de que ele estará desarmado é, claro, um estímulo e tanto para os marginais, que temem mais a reação da potencial vítima, que se estiver armada poderá mata-los em legítima defesa, do que a própria polícia, que precisa ler seus direitos e prendê-los.
Acidentes envolvendo crianças é uma grande preocupação dos desarmamentistas – e de todos, na verdade -, mas é outro mito derrubado pelos autores, que mostram como esse tipo de acidente é quase insignificante nas causas de mortes infantis. Acidente de carro, afogamento e sufocamento são muito mais relevantes.
Uma arma de fogo nivela forças desproporcionais, o que favorece a chance de defesa dos mais fracos, como as mulheres, os idosos ou o indivíduo contra um grupo. Ao retirar esse instrumento dessas pessoas, o estado os torna mais vulneráveis. Aqui é importante frisar aquilo que não se vê, como diria Bastiat. O livro mostra como milhões de vidas poderiam ser salvas – e são, onde há mais liberdade para ter armas – pelo fator defensivo das armas, e seu poder de dissuasão. Eis algo totalmente ignorado pelos desarmamentistas.
Enfim, trata-se de uma leitura obrigatória não só para quem se interessa pelo assunto, mas também por quem se interessa pela manutenção ou busca das liberdades em geral. O que fica claro é que o desarmamento é uma forma de controle social com uma agenda oculta por trás das nobres aparências. É uma medida típica da esquerda totalitária, que nunca aceitou conviver com a liberdade de escolha dos indivíduos. Cabe a todo cidadão decente lutar pela preservação de tão básico direito, mesmo que escolha não fazer uso dele. Os outros devem ser livres para escolher diferente, e tal escolha acaba gerando mais segurança, não menos.
PS: Onde vou morar nos próximos anos o índice de homicídios é baixíssimo, menos de um décimo do carioca. E muito mais gente tem arma por lá. Sinto-me mais seguro assim, do que sendo obrigado a confiar somente na polícia para conter os criminosos, que jamais se sensibilizam com os “argumentos” dos pacifistas desarmamentistas.
Rodrigo Constantino
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