Por Luan Sperandio Teixeira, para o Instituto Liberal
Dilma foi eleita ao final de outubro de 2014 com 51,64% dos votos válidos. No início de dezembro, 40% dos brasileiros consideravam o governo Dilma como ótimo/bom, segundo a pesquisa concluída em 8 de dezembro (IBOPE). Todavia, na última pesquisa de popularidade “Dilmal”, segundo essa metodologia, esse índice caiu para apenas 13%, com 60% considerando seu governo como ruim/péssimo. Mas por que houve essa queda abrupta de popularidade? Eis a reflexão.
Imagine uma pessoa que durante a campanha eleitoral de 2014 entrou em coma e apenas agora retorna à plena posse de suas faculdades mentais. Ela certamente se perguntaria o porquê desse colapso no governo. Os motivos são vários, porém não é muito difícil compreendê-los.
Aliás, vale ressaltar que o escândalo de corrupção na Petrobrás não é o principal motivo para essa deterioração da popularidade do atual governo. Maurício Coelho e Cristiano Penido já demonstraram que, na atual percepção do eleitor brasileiro médio, “todos são igualmente corruptos”. Logo, os valores serem estratosféricos é indiferente para a opinião popular.
A finalidade da corrupção também não é muito relevante para os eleitores médios; o dinheiro público desviado, via de regra, é um fim em si mesmo. Nesse caso, a corrupção, por outro lado, foi um meio para continuar no poder (através de compra de apoio político com o dinheiro desviado). Isso foge à compreensão do brasileiro médio porque é difícil para ele entender a gravidade do fato de estarmos vivendo uma peça de teatro com cenário democrático no lugar de verdadeiras instituições republicanas.
Portanto, a deflagração dos escândalos na Petrobrás não é o principal motivo de a massa se virar contra o governo que ajudou a eleger.
O descontentamento popular com o governo do PT tem muito mais a ver com uma inflação enorme, com recessão econômica e com o desemprego crescendo do que com a corrupção. É cristalino o sentimento de que, após a estabilização política do governo Itamar, da estabilização econômica de FHC e de relativa ascensão social vivida no governo Lula (méritos dele ou não), o país regrediu com Dilma, não deu o próximo passo, qual seja, a melhoria de serviços, de produtividade e da qualidade de vida.
Ademais, essa queda de popularidade tem relação direta com as eleições de 2014. A campanha à reeleição de Dilma Vana Rousseff foi como o belíssimo quadro de Dorian Gray, mas pintado por João Santana. Como mostrou Oscar Wilde ao final do livro vitoriano, a obra prima se tratava, na verdade, de uma alma podre.
O governo defender a necessidade de um ajuste fiscal quando antes dizia estar no rumo certo tornou-se um discurso incoerente para a população. Afinal, “se estava tudo certo, por que ajustar agora para combater a inflação e o desemprego que aumentaram? E mesmo assim, por que aumentando a carga tributária para nós pagarmos? ”
Os sucessivos erros na política econômica intervencionista-desenvolvimentista, o fracasso da Nova Matriz Econômica, o estado agigantado e seu aparelhamento, as denúncias de corrupção crescentes e, principalmente, o estelionato eleitoral são fatores que causaram essa quebra de legitimidade moral, impactando na popularidade da presidência.
O segundo mandato mal começou, entrementes, por tudo isso, o sentimento é de que se trata de um “final de feira”, de uma desesperança. Por fim, os brasileiros compartilharam da húbris do PT e hoje terão de compartilhar também de sua nêmesis.
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