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O (des)governo segue barganhando com a população

Por Kaike Souza, publicado pelo Instituto Liberal

Essa semana foi noticiado pelo jornal O Globo e a revista Exame que a presidente Dilma, juntamente com a sua equipe, planeja enviar ao Congresso Nacional até sexta feira, um projeto que, se aprovado em duas votações na Câmara e no Senado, adiantaria as eleições presidenciais para outubro, caso ela renuncie. A equipe da presidente também enviou ao gabinete do vice presidente um pedido que ele a acompanhe e renuncie também, segundo a própria reportagem.

Hoje, a Constituição prevê que ocorreriam novas eleições presidenciais ainda esse ano se toda a chapa renunciasse, ou seja, tanto a presidente Dilma quanto o vice-presidente Michel Temer. O vice-presidente faz parte da oposição que apoia o impedimento do mandato de Dilma Rousseff e, claramente, não embarcaria no plano da presidente. Em um momento de crise econômica, propor novas eleições estando à beira de perder o mandato é um ato de irresponsabilidade, diga-se, por sinal, palavra constante no (des)governo petista, já que os custos para novas eleições são altíssimos e hoje desnecessários.

Na semana passada, a revista Carta Capital noticiou uma pesquisa em que demonstra que 70% dos jovens anseiam por novas eleições diretas e gerais, não apresentando, claro, o método de pesquisa e os detalhes da pesquisa. Se pesquisarmos hoje entre os jovens da juventude petista, teremos números parecidos com esse, já que o impedimento está a cada dia mais inevitável. Porém, não discutiremos aqui os métodos de pesquisa e nem a sua moralidade.

Na última semana, a presidente, ainda em atividade, iniciou uma série de medidas que prometeu no início da sua campanha presidenciável, lá em 2010, como uma demarcação real das terras indígenas e aumento do Bolsa Família. São medidas ótimas e necessárias se analisadas as tamanhas dificuldades que os beneficiados dessas políticas públicas passam diariamente. Apesar do Bolsa Família possuir seus defeitos, ainda é uma assistência que contribui muito para o desenvolvimento, principalmente, no interior do país. Entretanto, não é a intenção analisar os programas governamentais e sim desmembrar a intenção da presidente em anunciar essas medidas faltando uma semana para o seu provável afastamento pelo Senado Federal.

Então, já que são medidas importantes e faziam parte do plano da presidente nas duas campanhas, porque implementá-las agora? Trata-se, obviamente, de atos para realçar a sua popularidade entre os indecisos quanto aos ritos do processo, uma forma de fermentar a sua imagem tão desgastada. Esse último resquício de poder ao tentar aprovar essa PEC e propor novas eleições é um ataque desesperado por popularidade, tentando aproveitar-se da notícia de uma revista que recebeu dinheiro da Lava Jato para defender o governo e atacar a oposição. É uma tentativa inútil, isso é óbvio, já que nenhuma proposta da presidente vai ser aceita pelo Congresso; ela precisaria de 308 dos votos para a PEC ser aprovada e conseguiu menos de 150 para manter o seu mandato.

O objetivo é claro: a presidente e o Partido dos Trabalhadores levantarão a bandeira da democracia, defenderão os interesses da “maioria jovem que anseia por novas eleições” e, no fim, serão impedidos pela elite, pela oposição golpista que só deseja entregar o Brasil ao capital estrangeiro. Mais uma vez o PT mostra que o seu forte na política é o marketing e não suas ideias de fato.

Dias após anunciar as demarcações indígenas, o próprio governo adiou a reunião. Essa semana a presidente aumentou o IOF, prejudicando a própria juventude que defende o governo e planeja estudar no exterior como forma de melhor qualificar-se, já que as universidades brasileiras, as da Pátria Educadora, estão sucateadas.

Acabou, querida! Seria mais digno que a renúncia ocorresse logo, que todo o desgaste de um impeachmentdeixasse de existir para que então possamos iniciar um plano de governo responsável com as contas públicas. Não há de crer que esse plano de governo virá da oposição que assumirá o governo. Muito difícil confiar no partido que por anos foi o braço direito do governo e por prestígio político decidiu abandonar o barco. Porém, o país está parado há meses enquanto a economia definha. As atitudes necessárias para melhorar o país dificilmente virão do PT. Uma das provas disso foi a tentativa de incluir Lula na lista de ministros para que, claramente, dispusesse de imunidade parlamentar e barrar as investigações contra ele. Essa foi a prova material de que o partido busca a todo custo perpetuar-se no poder, pouco se importando para os meios.

Com as medidas de popularidade que vimos ao longo desses anos chegamos onde estamos, com projetos para garantir apenas a imagem do indivíduo ignorando os deveres do cargo, o país está em uma recessão nunca antes vista.  Que dessa vez não nos deixemos enganar e que não se tolerem barganhas políticas em torno do impedimento. Que agora todos que assumirem o mais alto cargo do país sejam cobrados por atos responsáveis, fundamentados e positivos.

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