Ainda na toada de que a cobertura da nossa imprensa é enviesada ao extremo, a Folha divulga pesquisa feita pelo Datafolha durante a manifestação na Paulista este domingo, e há um fato que deveria receber muito mais atenção, mas passa despercebido quase pela grande mídia. Perde-se no meio de outras coisas menos importantes que recebem mais destaque, como a crença de que um governo Temer não seria ótimo na opinião de muitos (é mesmo?!).
Falo da quantidade de gente entrevistada que defende a cassação de Eduardo Cunha, o presidente da Câmara. É quase a mesma da quantidade de gente que defende a saída da própria presidente Dilma. Nada menos do que 91% dos entrevistados defendem que Cunha saia:
Pergunto: diante da maciça campanha dos defensores do governo de que o impeachment é uma “vingança pessoal” de Cunha, e não o desejo da imensa maioria do povo brasileiro, não seria um dado que deveria estar na chamada dos jornais, em total destaque? Qual a lógica de destacar a baixa expectativa dos manifestantes com o governo Temer, sendo que quase metade acha que ele seria regular e mais de 70% estão seguros de que seria melhor do que o de Dilma? (também, né, como ser pior?!)
Perceberam como se manipula os dados? O jornal preferiu, diante dos mesmos números, destacar a descrença de muitos em relação a Temer, em vez de focar na ampla maioria que espera mudanças para melhor com a saída de Dilma e, principalmente, na quase unanimidade dos manifestantes quando o assunto é a cassação de Cunha.
Ora, o protesto não é pelo impeachment, e este não é algo ligado a Cunha? Então como pode mais de 90% dos manifestantes desejarem que o próprio Cunha vá para o olho da rua, junto com Dilma? O patético do discurso oficial vai por água abaixo, e a imprensa prefere jogar essa importante informação solta lá no meio de várias outras, para ser diluída. É um absurdo!
Rodrigo Constantino
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