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O duplipensar petista
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A coisa mais irritante na extrema-esquerda é seu duplo padrão seletivo, sua cara de pau de atacar nos outros aquilo que é ou faz, de abusar da hipocrisia, de tentar monopolizar as virtudes e, com isso, justificar os meios que condena nos demais. Assim tem sido a história dos comunistas, socialistas e petistas desde sempre. Eles exigem ser cobrados por uma régua e querem usar outra para julgar seus adversários.

Senão, vejamos: quando João Doria leva ovos em protestos, isso é liberdade de expressão da democracia. Quando Lula é o alvo, isso é atitude violenta de fascistas que não aceitam a democracia. O ovo é o mesmo, mas dependendo de quem foi atingido, a análise muda completamente. Cinismo puro.

Quando o MST, braço armado do PT, lidera invasões e queima pneus nas ruas, isso é manifestação legítima, “ocupação”. Mas quando um grupelho associado à direita queima pneus para protestar contra a caravana do bandido condenado Lula, isso é desrespeito aos valores democráticos.

Quando a turma liderada por Pablo Vilaça e José de Abreu (e pode-se imaginar a turma que tem tais líderes!) resolve fazer um boicote contra a Netflix, por conta de uma nova série de José Padilha sobre a Lava Jato, isso é uma resposta legítima dos consumidores, mas quando o povo resolve boicotar uma “mostra de arte” com pedofilia e zoofilia, ou uma “instalação” com um homem nu sendo tocado por crianças, isso é fascismo obscurantismo e censura reacionária.

Quando os petistas gritavam pedindo impeachment de todos os presidentes, isso era uma voz democrática usando seus direitos constitucionais, mas quando o impeachment de Dilma é demandado por milhões de brasileiros, isso é “golpe”.

Quando Lula é condenado em segunda instância após todos os devidos processos legais, com prova abundante, isso é perseguição política, mas quando Eduardo Cunha é preso, isso é Justiça, e quando Aécio é mencionado por algum delator, isso já é suficiente para pedirem sua prisão. Quando uma vereadora do PSOL é morta, já sabem o responsável pelo crime também, sem a necessidade de investigações.

Para “governar” o país (destruir a economia e roubar bilhões) por mais de 13 anos, ou para disputar eleições Brasil afora, fechar parceria com o PMDB é “parte do jogo democrático”. Mas quando o PT não está no poder ou na chapa com o PMDB, então basta apoiar qualquer coisa de seu governo para ser um bandido.

Se alguém julgar que o contragolpe militar de 1964 foi necessário para impedir o comunismo cubano no Brasil, então é prova de se tratar de alguém antidemocrático, mas o PT pode defender abertamente o regime de Cuba e a ditadura venezuelana que não tem problema: continua lutando pela democracia.

Os exemplos são infindáveis. George Orwell definiu em seu clássico 1984 esse processo como duplipensar, ou seja, defender duas ideias contraditórias como se fossem igualmente válidas. Guerra é paz, escravidão é liberdade.

O PT pode cair em contradição a cada minuto, e ainda assim manter seu discurso cínico. Princípios éticos são coisa de “pequeno-burguês” para eles. O único “princípio” válido é aquele que ajuda o “partido” a chegar ao poder. E boa parte da mídia jamais cobrará dos petistas tais incoerências. São seus cúmplices na arte do duplipensar…

Rodrigo Constantino

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