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O engodo como golpe
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Por João César de Melo, publicado pelo Instituto Liberal

O governo e seus aliados tentam impor a versão de que o impeachment é um golpe por três razões: Pedaladas fiscais não configuram crime; Dilma Youssef não é investigada em nenhum processo criminal; o presidente da câmara e grande parte dos parlamentares são alvo da justiça em processos de corrupção. Engodo.

1° – SIM, as pedaladas configuram crime, ferem a Lei de Responsabilidade Fiscal. Crime que já foi explicado de todas as formas possíveis pelo próprio Tribunal de Contas da União.

2° – Com dissertei noutro artigo, Dilma está sofrendo um processo de afastamento a partir de argumentos jurídicos (irresponsabilidade fiscal), políticos (ter ignorado o congresso aos assinar dos decretos) e morais, por ter mentido para o povo brasileiro durante sua campanha eleitoral − financiada com dinheiro de corrupção.

3° – O que temos diante de nós é um governo corrupto tentando comprar o apoio de parlamentares corruptos enquanto diz que não pode ser julgado por parlamentares corruptos. O mais alto nível de demagogia.

O fato é que a sociedade elegeu um parlamento e um governo corruptos. Elegeu Dilma Youssef e Michel Temer. Elegeu Eduardo Cunha. Elegeu Renan Calheiros. Aos que amam a democracia, meu lamento. Este é o congresso que a sociedade escolheu. Este é o governo que a sociedade escolheu. O que lhe resta é tirar algum proveito da situação, plantando a discórdia entre eles − que o congresso destrua este governo.

Vale lembrar:

O PMDB foi convidado a integrar o governo na convenção do PT realizada em 2003, ano em que outros partidos também foram convidados, o que gerou um verdadeiro êxodo entre as legendas, com dezenas de deputados e senadores trocando de lado em troca da “generosidade” petista. Foi Dilma quem convidou Temer a ser seu vice.

A presença de uma pessoa como Eduardo Cunha na presidência da câmara não causa espanto a quem enxerga a total falta de pudor com que Lula e Dilma conduziram a política brasileira nos últimos 13 anos. Os dois nunca se deram ao trabalho de esconder que governaram trocando ministérios, cargos e dinheiro por votos, dentro e fora do congresso. Delatores dos esquemas organizados pelo PT detalharam que a corrupção era um modus operandi. Ou seja: Eduardo Cunha é o mais fidedigno retrato do jeito petista de governar.

Vale gravar:

Entre todos os presidentes, Lula teve as melhores condições de reformar a política brasileira. Teve o congresso, a mídia, o povo e o futuro do Brasil em suas mãos. No entanto, nunca quis fazer nada além de consolidar seu poder, tirando o máximo de proveito de todos os absurdos.

Adaptando a genial frase de Bruno Garschagen sobre o socialismo, Lula liderou um governo que tirou dos pobres fingindo que tirava dos ricos enquanto dava aos ricos fingindo que dava aos pobres. Cá estamos.

A sociedade brasileira tem diante de si um orgulho e uma esperança: Orgulho de estar conduzindo um processo de impeachment totalmente dentro da ordem democrática, avalizado pelo STF, pela OAB e pela maioria da população, tramitando etapa por etapa conforme o regimento parlamentar; esperança de que a votação de amanhã marque o início de uma era de intolerância com o tipo de política empenhado pelo PT ao longo desses anos e que Michel Temer, ao assumir, aproveite a oportunidade que a história lhe dá e promova a reforma institucional, política e sindical que o Brasil precisa.

 

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