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O esporte é um símbolo da vida, e valorizamos, no fundo, o mérito individual ou de equipe, o talento natural e o esforço e determinação capazes de fomentá-lo. Vejamos as duas primeiras medalhas brasileiras como exemplo.

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Felipe Wu foi prata no tiro. O jovem militar precisou enfrentar inúmeros obstáculos para chegar lá, especialmente num país com forte preconceito contra armas. O custo da munição, altíssimo no Brasil, e a dificuldade de acesso a ela se mostraram barreiras quase intransponíveis. Mas ele insistiu no sonho e perseverou.

Já o caso de Rafaela Silva é ainda mais impressionante. Menina negra e pobre da favela, a judoca descobriu o Instituto Reação, iniciativa de indivíduos com o apoio de algumas empresas. Treinou muito, superou preconceitos sem vitimização, e deu a volta por cima, para conquistar nossa primeira medalha de ouro.

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São histórias comoventes porque realçam a superação individual e valorizam a meritocracia. Não creio ser coincidência ambos serem militares: o sucesso exige disciplina, humildade e muita força de vontade.

Nos jogos olímpicos não há espaço para o “mimimi”, para o típico “coitadismo” de esquerda. Ninguém enxerga cor, credo, classe ou gênero: apenas o mérito, o resultado. Se a Olimpíada fosse politicamente correta, haveria cotas para minorias, um vencedor como Michael Phelps seria barrado por excesso de medalhas e o comitê organizador interviria para ajudar os piores e equilibrar o placar.

Por outro lado, se fosse assim ninguém gostaria de acompanhar o evento. Torcemos justamente porque há meritocracia e queremos enaltecer os melhores. O igualitarismo não tem vez no esporte. O ouro vai para o campeão, e o “fair play” leva os demais a reconhecerem o resultado legítimo com respeito.

Quando isso não acontece, quando o atleta age como mau perdedor, ele é duramente julgado pelo público. Vide o caso da nadadora Joanna Maranhão, que adotou o ressentimento como máscara para sua derrota, reclamando da reação do povo em vez de reconhecer seu mau desempenho.

Em tempos em que intelectuais escrevem livros sobre o “mito” da meritocracia e a desigualdade, é importante lembrar que são eles que movem o mundo. Quando nos irritamos com a estreia da seleção brasileira de futebol, por exemplo, é porque entendemos que faltou garra, determinação, humildade, esforço, e por isso o resultado foi ruim.

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Já o jogo de ontem contra a Dinamarca foi o extremo oposto: vimos a vontade de vencer, a luta destemida contra os “vikings”, que levaram de goleada. As vaias logo deram lugar aos aplausos, e os jogadores tiveram seu mérito devidamente reconhecido.

Claro, às vezes pode acontecer de o atleta colocar tudo de si e ainda assim perder. Quando é esse o caso, há o reconhecimento de que ele fez o possível, de que, apesar dos esforços, não foi a sua vez. Faz parte da vida, e o verdadeiro vencedor vai tirar lições com suas derrotas, em vez de bancar a vítima.

Em suma, gostamos da Olimpíada porque ela é meritocrática. Se fosse igualitária, não haveria público interessado. O espírito olímpico é liberal, não esquerdista. E que vença o melhor!