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O advogado de contencioso de massa, Adriel Santana, foi outro palestrante na I Conferência Estadual do EPL, em Passo Fundo, e falou sobre o excesso de causas que chegam ao poder judiciário brasileiro, emperrando o sistema e prejudicando a vida de milhões de pessoas. Segundo o especialista, há uma alternativa pela via da livre iniciativa, infelizmente desconhecida por muitos e, portanto, ignorada.

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Em primeiro lugar, Adriel mostra que nosso Judiciário não custa pouco, tanto em termos absolutos como em termos relativos:

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Ou seja, assim como no problema da educação, a má qualidade de nosso Judiciário não tem ligação direta com falta de recursos, mas sim com o próprio sistema. A enxurrada de processos que chegam aos juízes representa um entrave a qualquer funcionamento minimamente decente do poder Judiciário. Quase 30 milhões de casos novos chegam por ano, e há quase 70 milhões de casos pendentes, somando quase 100 milhões de casos a serem julgados. É simplesmente impossível dar conta de tudo isso.

Para atuar nesses processos, o Brasil conta com cerca de 12 mil juízes estaduais, menos de dois mil da Justiça Federal e pouco mais de 3 mil na Justiça do Trabalho, uma coisa bem brasileira, como a jabuticaba. Ou seja, menos de 17 mil magistrados precisam decidir sobre quase 100 milhões de processos. Parece humanamente impossível fazê-lo de forma satisfatória. O resultado é conhecido por todos: marasmo, lentidão desesperadora, prazos intermináveis de tramitação e casos que sequer são julgados, caducando antes disso.

Não é por acaso que as pesquisas de opinião apontam para uma grande descrença em nosso poder Judiciário. Uma pesquisa antiga, por exemplo, mostrou que quase 90% concordam que o problema não está em nossas leis, mas na lentidão da justiça. A maioria acha que a impunidade é a regra, e que os pobres acabam enfrentando uma situação desigual. A igualdade perante as leis, pilar fundamental do liberalismo, acaba ameaçada como consequência dos problemas no Judiciário, causados em parte pelo excesso de processos.

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O que fazer? Quais as soluções liberais? Adriel apresenta, como possibilidades dentro do sistema estatal, as: 1. análise econômica do direito, com decisões judiciais baseadas em aplicações de conceitos econômicos, evitando assim graves distorções e problemas sociais “não vistos” (Bastiat); 2. escolha pública (economia constitucional), com ordenamento jurídico mínimo e coeso que extinga ou reduza o processo de “judicialização” dos conflitos sociais.

Já como soluções jurídicas não-estatais, o advogado oferece mecanismos como negociação, conciliação, mediação ou arbitragem, algo usado há milênios e considerado constitucional no Brasil no começo da década de 2000. Empresas utilizam câmeras de arbitragem com bastante frequência, pois conhecem melhor e, portanto, confiam mais nesse instrumento.

A população em geral desconhece a arbitragem e, por isso, prefere ignorá-la, enchendo o sistema estatal com causas muitas vezes inúteis ou simples, que poderiam muito bem ser resolvidas por um árbitro privado. Temos situações esdrúxulas como disputas bobas de vizinhos, como o cachorro de um que comeu o papagaio do outro, indo parar na mesa de juízes, travando casos mais sérios e delicados.

Em suma, é preciso, aqui como alhures, dar uma chance maior ao livre mercado, apostar mais na livre iniciativa, e desafogar assim o sistema estatal, para que este cuide somente daquilo que realmente não tem alternativa.

PS: A situação de nossa Justiça é agravada pelo fator ideológico de muitos juízes, como aqueles que falam em nome da “democracia” mas, no fundo, pregam ideologias autoritárias como o socialismo. A “justiça das ruas” é outro problema, pois muitos magistrados não se enxergam como guardiões das leis, e sim como agentes de mudança social, com a missão de “construir” uma nova sociedade. Algo análogo aos “professores” que não se veem como instrutores, mas como “educadores” ou engenheiros sociais.

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Rodrigo Constantino