A decisão do governo de sacar R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano do Brasil gerou polêmica. Os críticos, aos quais me junto, acusam o governo uma vez mais de apelar para malabarismos contábeis para melhorar as contas públicas, em vez de realmente focar energias no corte dos gastos públicos. Já a presidente Dilma se disse “estarrecida” com a reação, uma vez que o fundo existe justamente para ações anticíclicas.
Para o governo do PT, a desculpa de medida anticíclica existe desde 2008! Os gastos públicos só aumentam, assim como o crédito público, e tudo com base na justificativa de que é preciso agir contra a “crise internacional” e estimular nossa economia. Não importa o fato de que tais estímulos produziram apenas estagflação. Detalhe bobo. É preciso intensificar os estímulos. Estarrecido fico eu, com tanta cegueira do governo.
Mas esse novo estratagema para melhorar as péssimas contas públicas não é o foco desse texto. Li em reportagem do Valor que o Fundo Soberano terá de vender bilhões em ações do Banco do Brasil, pois quase toda a sua carteira estava concentrada nesse único papel. Diz o jornal:
O saque de R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano do Brasil (FSB), anunciado na segunda-feira como forma de aumentar as receitas e evitar novos cortes de gastos, deve obrigar o governo federal a montar uma operação bilionária com ações do Banco do Brasil (BB) ou recorrer novamente à contabilidade criativa. De acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Fundo Soberano tem R$ 3,871 bilhões em papéis do banco estatal e patrimônio total em ações de R$ 4,295 bilhões. Ou seja, o governo só consegue sacar o valor se usar papéis do BB.
Atenção, leitor: esse montante em ações do BB representa nada menos do que 90% do total da carteira em ações! Nem aquele gestor coreano tido como meio “maluco” por aí concentra tanto assim suas apostas! Será que os gestores do Fundo Soberano desprezam tanto assim o conceito de diversificação de risco? Será que julgam realmente que o Banco do Brasil é um ativo tão atraente e barato a ponto de justificar ter 90% da carteira toda só nele?
Um espanto! O que fica parecendo é que o governo usou o Fundo Soberano para dar uma “puxadinha” nas ações do BB, como fizera antes com a Petrobras, que foi quase a totalidade do Fundo também. Será que o critério de alocação dos recursos do Fundo é apenas econômico? Ou haveria um fator político pesando nas decisões?
Não adianta, por onde quer que se faça a análise, a conclusão é a mesma: o PT misturou totalmente partido, governo e estado, transformando tudo em uma só coisa, que atende aos interesses partidários e nada mais.
Rodrigo Constantino
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