O casuísmo do movimento micado das “diretas já”, orquestrado pela extrema-esquerda, salta aos olhos. Tudo ali tem forte cheiro de oportunismo grotesco. Os “intelectuais” dessa esquerda radical, como Gregorio Duviver (sim, são esses os “pensadores” que restaram aos socialistas), bem que tentam vender a ideia de que é o puro amor à “vontade geral”, mas não conseguem convencer mais quase ninguém. Falam para suas sombras – ou para mortadelas que fingem escutar, de olho apenas no rango “grátis”.
Em sua coluna de hoje, Carlos Andreazza mostra o golpismo da coisa, alegando que os parlamentares que votaram pela PEC achando que não há como ela valer para este ano desconhecem a história do próprio Parlamento e do Judiciário, ao menosprezarem os riscos de uma “interpretação” pontual do STF para fechar com o lado golpista do PT e do PSOL, sua linha-auxiliar. O ministro Barroso, por exemplo, adoraria escutar a “voz das ruas” e rasgar a Constituição.
Andreazza faz algumas perguntas incômodas, retóricas, pois sabe que a extrema-esquerda não tem como respondê-las. Mas o simples ato de perguntá-las já expõe a hipocrisia dos golpistas. São elas:
Uma questão de ordem lógica. Por que o PT e suas linhas auxiliares consideram o Congresso ilegítimo para — caso Michel Temer caia — eleger o próximo presidente da República, conforme expresso na Constituição Federal, mas legítimo para promover uma emenda constitucional?
Eles não têm resposta para isso.
Como explicar que um Parlamento tratado — pelos mortadelas — como lixo esteja, segundo os próprios embutidos, habilitado a alterar a Carta Magna, mas inabilitado a preservá-la? Por que, aliás, o impeachment de Dilma Rousseff, de rito estabelecido na Constituição, era golpe, e a eleição direta — segundo se deseja agora, de forma não prevista na Lei Maior — seria conquista da democracia?
Eles não têm resposta para isso.
Convictos sobre a podridão do Legislativo, e se minimamente preocupados com o destino do país, o correto — o coerente — não seria que os esquerdistas trabalhassem contra qualquer mudança essencial na Constituição, sobretudo se para modificar as regras do jogo enquanto a bola está rolando?
Mais do que não terem resposta para isso, eles não podem responder, ou exporiam a índole, essencialmente contraditória, do oportunismo em que operam, arrivismo que posa nu sob o sol quando voltamos 20 anos no tempo para perguntar se os que hoje militam pela eleição direta para presidente não são os mesmos que, em 1997, chamavam de golpista (com razão, diga-se) a emenda constitucional pela reeleição, a mais baixa obra de Fernando Henrique Cardoso, que transtornou o desenho do tabuleiro mesmo com as peças em movimento. Hein?
Mas o povo não é tão bobo assim, e mesmo os leitores da Folha não caíram na ladainha golpista da extrema-esquerda. É o que mostra pesquisa divulgada hoje pelo jornal com seus leitores. A maioria não quer saber de eleição direta agora, pois prefere respeitar a Constituição:
Segundo pesquisa do Datafolha, 51% dos leitores do jornal defendem a adoção da solução prevista na Constituição, o pleito indireto organizado pelo Congresso.
Para 46%, contudo, o melhor seria a alteração da Carta para permitir uma eleição direta neste ano. Outros 3% não souberam responder.
Ou seja, nem mesmo no ninho da cobra, com toda a propaganda dos golpistas, a maioria quer “diretas já”. E os petistas e psolistas ainda repetem que representam “o povo brasileiro”. Qual? O do Projaquistão? Essa mania de confundir seu próprio mundinho com a população toda lá fora é mesmo a marca registrada da esquerda radical. Isso deve ser alguma onda da erva maldita…
Além do golpismo das “diretas já”, enquanto o Brasil precisa mesmo é de “direita já”, há também o golpe da delação da JBS em curso, aquela que serviu para jogar os holofotes para cima de Aécio Neves e Michel Temer e retirá-los de Lula e Dilma, que teriam recebido $150 milhões no exterior. Ninguém mais fala de Lula! E os irmãos Batista, da JBS, estão em Nova York, em apartamento milionário, com iate milionário, e com jatinho novo, o mais caro do mundo. Fantástico, não?
Sobre isso, Andreazza também tem uma perguntinha incômoda, dessa vez para Rodrigo Janot:
São já três semanas sem se ouvir falar em Luiz Inácio Lula da Silva. De modo que repetirei a pergunta que aqui formulei em 23 de maio: não lhe parece genial, leitor, que as delações dos irmãos Batista — cuja JBS teve crescimento artificial sem precedentes durante os governos petistas — tenham Temer como protagonista, e não Lula e Dilma?
Hein, Janot?
Boa pergunta. E isso, não custa lembrar, com o MP abrindo inquérito para investigar o repasse de 80 milhões de dólares de propina para os ex-presidentes petistas:
O procurador da República no Distrito Federal Ivan Cláudio Marx abriu um inquérito hoje para investigar a acusação feita por Joesley Batista de que Dilma Rousseff e Lula receberam ao todo 80 milhões de dólares do grupo J&F no exterior.
Trata-se de um dos mais bombásticos trechos dos depoimentos prestados pelo empresário.
De acordo com ele, foram repassados ao petista a maior parte do montante, cerca de 50 milhões de reais, enquanto Dilma teria recebido os 30 milhões de dólares restantes. Propina, segundo o delator.
Somados, os valores chegam a aproximadamente 260 milhões de reais.
Não parece estranho a todos que o foco esteja concentrado na mala de meio milhão de reais do colega de Temer, quando Lula e Dilma teriam levado, segundo o mesmo delator, a bagatela de quase R$ 300 milhões? São muito estranhas as prioridades dessa extrema-esquerda…
Ou não: são bem claras, mais evidentes impossível. Essa turma só liga para o poder, só pensa no poder, só quer o poder, para manter suas mamatas, suas tetas estatais, seus cargos. E o Brasil que se exploda!
Rodrigo Constantino
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