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O governo não acerta uma previsão e não pune os erros. Pode dar certo?
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O PIB brasileiro recuou 0,5% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior, resultado abaixo das expectativas já negativas do mercado, que esperava queda de 0,3%. Uma vez mais, a equipe econômica e a presidente Dilma erraram feio suas previsões, sempre otimistas (ou irrealistas) demais.

PIB YoY. Fonte Bloomberg/IBGE PIB YoY. Fonte Bloomberg/IBGE

Quando medido ano contra ano, o crescimento do nosso PIB fica perto do medíocre patamar de 2%, ou seja, mal consegue compensar o crescimento populacional. Em termos de produção per capita, portanto, o Brasil já parou de crescer, e deve entrar em território negativo em breve, se as coisas continuarem assim.

Nossa economia está patinando, na melhor das hipóteses, apesar de uma inflação elevada, perto do topo da meta. Em outras palavras, o Brasil já vive uma fase de estagflação, o pior quadro econômico, pois conjuga falta de crescimento com perda constante do poder aquisitivo da moeda, o mais cruel imposto para os mais pobres.

Quando saiu o resultado do segundo trimestre, um pouco acima das expectativas, o governo comemorou muito. Alertei aqui que era cedo demais para celebrar. Eis o que escrevi na época:

O PIB do terceiro trimestre provavelmente vai jogar uma ducha de água fria em quem se animar demais com esse resultado passado. O dólar subiu e, se isso ajuda parte da indústria, também gera incertezas e pressiona a inflação. O processo de alta na taxa de juros, para combater essa inflação resiliente, vai começar a impactar mais a economia a partir de agora.

Mas o governo não quer saber de realismo, de reconhecer erros, de reverter medidas inócuas ou ineficazes. Só pensa em uma coisa: nas eleições de 2014. Seus cálculos levam em conta apenas esse ponto de chegada, e se até lá será possível navegar sem afundar.

Como o nível de emprego ainda está razoável, apesar de muita gente ter desistido de procurar empregos por conta das esmolas estatais, o governo acredita que não haverá maiores problemas. Com isso, insiste nos erros e a economia vai perdendo cada vez mais fôlego.

O mais espantoso é que nenhuma cabeça rolou ainda. O ministro Guido Mantega projeta crescimento de 4,5% quase todo começo de ano, e acabamos crescendo menos da metade disso. Os conselheiros de economia do governo repetem que está tudo bem, que há muito pessimismo dos analistas (independentes), e fica por isso mesmo.

Ou seja, esse é um governo que não pune os erros. Ao contrário: parece premiá-los. E quando os erros são premiados, naturalmente acabam estimulados. Pergunto: pode dar certo? Deixo a resposta com o leitor…

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