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A economista Renata Barreto, participando do programa Pânico na Jovem Pan, foi direto ao ponto: o governo não tem que ser dono de nada! Não cabe ao governo ser empresário. O apresentador, então, fez um questionamento legítimo e bastante comum: sem o estado, o empresário não vai focar apenas no lucro imediato? Alguém construiria uma Petrobras se não fosse Getulio Vargas? Vejam o trecho do debate e volto em seguida:

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Sobre o caso da crise financeira de 2008, já expliquei em vários textos como a verdadeira causa não esteve no mercado livre, mas justamente no intervencionismo estatal. A bolha no subprime, epicentro dos problemas, teve ligação direta com as medidas adotadas pelo governo no setor de hipotecas, garantindo financiamento subsidiado para quem não tinha condições de pagar.

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Fannie Mae e Freddie Mac, as duas gigantes do setor, eram praticamente empresas estatais que puderam alavancar seus balanços de forma irresponsável porque o governo estava por trás oferecendo garantias.

Pode até ser que se tornaram “grandes demais para quebrar”, o que complica o argumento usado por Caio Coppolla com base em Schumpeter: havia um risco sistêmico ali. Mas ele foi criado pelo próprio governo, não pelo mercado. O monstro era estatal.

Já sobre a questão do foco míope dos empresários, que desejariam lucro rápido, rebati no meu livro Privatize Já como um dos setes mitos mais repetidos sobre o tema. É uma falácia: o empreendedor quer maximizar o valor do seu ativo, e isso depende da geração de fluxo de caixa ao longo do tempo.

Quem estudou finanças e análise de empresas sabe que quase sempre o grosso do valor está na “perpetuidade”, não no fluxo dos próximos anos, até porque empresas precisam investir seu caixa para continuar crescendo.

Os acionistas, portanto, precisam focar no longo prazo para aumentar o valor presente do seu ativo. Já os políticos que administram empresas estatais pensam na reeleição, e por isso não se importam em dilapidar o valor do ativo em troca de populismo eleitoral.

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É justamente o contrário do que diz o “senso comum”, então: empreendedores focam no longo prazo e no uso racional do ativo, enquanto governantes ignoram o longo prazo e adotam visão míope, de olho em dividendos políticos.

Sobre ninguém construir grandes projetos se não for o estado, a história do capitalismo refuta tal tese. Basta ver a enorme quantidade de projetos gigantescos nos Estados Unidos, incluindo ferrovias transnacionais, tudo feito pela iniciativa privada, sem qualquer participação estatal. Normalmente quando o estado entra é para ferrar com o setor…

Resumo da ópera: privatize já! Tudo!

Rodrigo Constantino