Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal
13 de maio deveria ser feriado no Brasil.
“Já temos feriados demais”, gritariam alguns. Há controvérsias, de acordo com alguns estudos que compararam a quantidade de feriados em diferentes países, mas, sem dúvida, se um feriado é estabelecido com o fim de representar uma data histórica com peso significativo na constituição dos caminhos de uma nação ou comunidade política, no que esses caminhos tiveram de mais nobre, o 13 de maio merecia ser priorizado em detrimento de vários feriados hoje em vigor.
Depois de um esforço genuíno de diferentes setores da sociedade, que englobavam, sim, parte da elite política e intelectual e integrantes da própria Família Real – personagens muito mais associados ao feito do que antigos escravos rebeldes sobre quem não há base alguma para afirmar que tivessem, por princípio e causa, o amor a qualquer liberdade que não apenas a sua própria -, a escravidão era legalmente abolida no Brasil. Sob o gabinete conservador (saquarema) de João Alfredo, mas fazendo jus a uma bandeira suprapartidária, a última de uma série progressiva de leis que foram eliminando a prática foi enfim sancionada.
Como diria Joaquim Nabuco, a despeito das marcas profundas que esse costume longevo e deplorável deixou em nossa sociedade, não há erro em dizer que, no Brasil, a partir de então, todos os seres humanos eram oficialmente cidadãos. Da construção de um Estado conduzida de cima por uma elite política, ainda que por vezes inspirada no que havia de melhor no material filosófico e nas inspirações institucionais disponíveis à época, o Império brasileiro daria um passo importante para que seu povo constituísse uma nação completa, sem que nenhum dos filhos deste chão pudesse ser considerado uma “coisa”, uma propriedade a ser comprada ou vendida.
Infelizmente, sob o pretexto de enaltecer figuras menos conhecidas, à revelia de quais sejam seus méritos reais, os amantes da “desconstrução” da História oficial, especialmente nas esquerdas e dentro do chamado “movimento negro”, assumiram como sua missão destruir as reputações e méritos de personalidades que prestaram contribuição indiscutível à resolução do problema. Pessoas como João Alfredo, Joaquim Nabuco e Isabel, naquele tempo reconhecidas por negros como o jornalista republicano José do Patrocínio como autênticas chaves para a condução e o desfecho da luta, passam a ser retratadas como “brancos e elitistas insensíveis, que apenas fizeram o que fizeram por força das circunstâncias”. Apenas os negros e os pobres podem ser valorizados, bradam eles.
É difícil crer que essas pessoas leram sequer uma linha, por exemplo, do emocionante Minha Formação, em que Nabuco delineia toda a sua profunda comoção pela causa da liberdade dos escravos. Não podem tê-lo lido a extravasar toda a sua dor pela condição deles, a prantear suas sacrificantes existências, a declamar que nenhum propósito poderia dar melhor significado à sua vida que o de lutar por trazer ao menos um pouco de luz às vidas sombrias dos cativos! Não podem, a menos que seus corações se tenham petrificado. São os mesmos que devem aplaudir a representação do comunista e terrorista Marighella como um herói negro no filme de Wagner Moura!
Eis que neste dia 13 de maio, em que o deputado Luiz Philippe de Orleans realizou sessão solene na Câmara em homenagem aos 131 anos do “Sublime Pergaminho” – alcunha por que a lei foi tratada no belíssimo samba-enredo da Unidos de Lucas em 1968 -, feras de encéfalo derretido invadiram o plenário com bandeiras de Marielle Franco bradando imbecilidades repugnantes. Gritaram “matam vidas negras” (quem, os deputados presentes que homenageiam a Lei Áurea?), “parem de nos matar” e “fascistas não passarão” (?).
O movimento negro, contaminado pelo mais baixo ressentimento esquerdista, transformou-se em uma horda de rancorosos injustos, brasileiros ingratos que desdenham das batalhas e do suor daqueles que construíram as perspectivas de liberdade de que ora conseguem desfrutar. Demonstraram neste dia, feliz e triste ao mesmo tempo, que carecem do mínimo de sensibilidade, incapazes de respeitar, no ambiente do Poder Legislativo, uma cerimônia em tributo à oficialização do ingresso – com todos os atropelos e mazelas que persistiram, mesmo assim sempre digno de comemoração – dos seus e nossos antepassados ao reconhecimento oficial como compatriotas.
Sim, seus e nossos. Nós, os “brancos”, os caucasianos contra quem vomitam seu horror, também temos genética africana e ameríndia. Ninguém promove uma separação mais absurda e anacrônica com base na cor da pele nos dias que correm do que os estrupícios eivados de selvageria do movimento negro.
13 de maio foi o dia em que a liberdade fez um jornalista negro republicano beijar a mão, de joelhos, da princesa do Brasil. Vocês são e eternamente serão menos que notas de rodapé da História perto disso.
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