Antes de encerrar, um último aspecto a ser considerado: em um jogo, seja qual for sua natureza, ganha-se ou perde-se. É tudo ou nada. Ao vencedor (e apenas a ele), as batatas. Em uma economia saudável, diferentemente, o perdedor também pode ter algumas batatas, na forma de uma vida digna, mesmo sendo um microempresário ou em trabalhador que desenvolve um trabalho menos complexo – como ocorre em diversas nações desenvolvidas, onde muitos daqueles considerados pobres vivem melhor do que a classe média brasileira.
E se ainda assim o perdedor encontrar dificuldades demais em conseguir algumas batatas por conta própria, nada impede que, para tais cidadãos, seja implantado um sistema temporário de imposto de renda negativo, tal qual postulado por Milton Friedman e Friedrich Von Hayek – os verdadeiros “avôs” dos programas de transferência de renda. Ou, melhor ainda, quem sabe possamos estimular mais, em nossa cultura, as doações e ajudas voluntárias, não apenas em espécie, mas também por meio da criação de hospitais e outras organizações sem fins lucrativos, por exemplo.
Nada disso significa que eu vá aliviar na próxima vez que eu for jogar Monopoly. Lá é pé no pescoço!
*Ricardo Bordin é Auditor-Fiscal do Trabalho desde 2011, e no exercício dessa profissão vem testemunhando de perto as dificuldades dos empresários para produzir no Brasil.
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