Ao ler os dois editoriais do GLOBO de hoje, veio à mente o resumo óbvio da coisa, que dá título ao texto. No primeiro, o jornal defende as medidas liberais de Mauricio Macri na Argentina, desfazendo as trapalhadas da socialista Cristina Kirchner e resgatando a credibilidade do país. No segundo, o jornal comenta sobre as novas peripécias do ditador coreano, que reforça seu papel de vilão internacional. Seguem alguns trechos do primeiro editorial:
Acabaram também os estreitos limites e a taxação para a compra de dólares. A reação do mercado foi um reflexo da credibilidade de Macri, que, com acerto, usa este valioso capital logo no início do governo para aplicar medidas duras, mas necessárias.
Outra: a correção de tarifas congeladas por Cristina K e o fim no todo ou em parte de muitos subsídios. O que significará a curto prazo mais inflação — que, de 25%, deve dar um salto de mais dez pontos percentuais. Porém, sem isso não haverá como tirar a Argentina do atoleiro fiscal, o mesmo destino que teve o Brasil de Dilma, aliada política e ideológica de Cristina. A crise dos dois países não é simples coincidência. O fato é que, sem expectativa de equilíbrio fiscal, a inflação não começa a ceder. Macri também foi rápido ao eliminar a taxação de exportações de commodities (carne, trigo e milho) e, no caso da soja, reduzi-la. O comércio exterior já se reativa, e os dólares voltam a entrar nos cofres vazios do BC.
O novo presidente também começa a fechar acordos com credores externos em litígio com o país e a atrair investimentos e empréstimos, reintegrando a Argentina à comunidade financeira global. Tanto que o risco do país passou a ser inferior ao do Brasil.
Mauricio Macri mostra como políticas corretas passam a produzir efeitos positivos tão logo são anunciadas, por melhorar a percepção que investidores e consumidores passam a ter do país. Exemplo para o Brasil.
E alguns trechos do segundo:
Ontem, o governo do Japão anunciou novas sanções econômicas contra a Coreia do Norte, que incluem restrições a viagens entre os dois países e a proibição de acesso de navios norte-coreanos aos portos japoneses ou embarcações de outras nacionalidades que tenham passado antes pelo país. Tóquio também restringiu o envio de dinheiro à Coreia do Norte ao teto de US$ 880 (cem mil ienes) e exclusivamente por razões humanitárias. Já a Coreia do Sul suspendeu suas operações no complexo industrial de Keasong, administrado pelos dois governos, numa rara parceria.
Estas decisões, que afetam a já precária economia da nação comunista, se somam a uma resolução que a ONU vem preparando para ampliar as sanções contra Pyongyang, depois que o país realizou, no dia 6 de janeiro, seu quarto teste nuclear. A aplicação de medidas punitivas e de restrições contra a dinastia Kim Jong-un, como mostra o exemplo iraniano, é um passo na direção certa para recolocar a Coreia do Norte no caminho da convivência pacífica com seus vizinhos e a comunidade internacional.
Só há um pequeno detalhe: em momento algum vemos o termo liberal para se referir ao herói Macri ou socialista/comunista para se referir ao maluco coreano. Por quê? Essa ausência é injustificável e ajuda a preservar a falácia do monopólio das virtudes por parte de nossa esquerda. Por que não dar nome aos bois? Por que não colocar os pingos nos is? Por que não explicar ao leitor leigo que Macri vem adotando medidas liberais e que, por isso, elas têm funcionado? Por que não deixar claro que o regime coreano é comunista, que ele é o resultado inexorável de todo experimento comunista?
Eis um fato que mesmo os bons editoriais parecem desejar ocultar: o socialismo de esquerda é o causador dos problemas; o liberalismo de direita é a solução. Vamos chamar as coisas pelos seus nomes corretos?
Rodrigo Constantino