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O lixo nosso de cada dia: a porcaria nas ruas é o retrato de um povo sem educação

Em artigo publicado hoje no GLOBO, o engenheiro Carlos Aguilar fala sobre o excesso de lixo que nós brasileiros jogamos nas ruas. Compara com outras culturas, como a japonesa, que delega a cada um os cuidados com o próprio lixo. Diz ele:

É equivocado o pensamento de que limpeza urbana é um problema unicamente do poder público. Em muitos países, a população já compreendeu que o descarte e o tratamento do lixo também são de responsabilidade de quem o produz. Garantir que ele chegue ao destino adequado é uma questão de cidadania e respeito ao futuro.

Em Tóquio, por exemplo, não existe a necessidade de instalação de lixeiras nas ruas. Os moradores entendem que possuem a obrigação de levar o lixo para casa e separá-lo para a coleta seletiva. O sistema de reciclagem local abrange mais de dez categorias. Em alguns bairros, como Odaíba, a taxa de reaproveitamento do lixo chega a 100%. Em Toronto, no Canadá, a participação popular nos trabalhos de reaproveitamento do lixo chega a 96%.

O autor, em seguida, lembra da quantidade absurda que os cariocas despejam de lixo por ano nas ruas. São números impressionantes. O ano novo já deixa sua marca no dia seguinte: começamos cada ano recolhendo uma quantidade incrível de porcaria nas praias. O Carnaval vem aí, para repetir a dose.

Como conclui o engenheiro, as autoridades públicas não devem ficar isentas de responsabilidade, pois lhes cabe desenvolver sistemas de coleta mais modernos e fiscalizar os porcalhões. “Nada disso, porém”, diz ele, “apresenta qualquer resultado se a outra parte envolvida continuar ignorando o seu papel de fazer uma cidade sustentável. O problema do lixo é de todos”. Chama-se cidadania.

Escrevi sobre o assunto aqui, com base em um ótimo livro de Theodore Dalrymple, que recomendo a todos. No texto, concluí a mensagem da seguinte forma:

Eis o que precisamos para combater a crescente porcaria pública: incutir nas crianças que lixo é lixo, e que é simplesmente errado jogá-lo no chão. Para isso existem as latas e sacos de lixo. Se o desespero de Dalrymple no Reino Unido é grande, imaginem o meu no Brasil, país em que “mijões” pululam por aí e muitos acham que as vias públicas são depósitos de lixo para seus restos de comida.

É hora de limpar essa porcaria toda. O lixo, como sabem os autores de livros policiais, diz muito sobre a pessoa. E o lixo nas ruas diz muito sobre a cultura, ou o que restou dela…

Rodrigo Constantino

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