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O filme “Marighella”, estreia de Wagner Moura na direção, é daquele tipo que não vi e não gostei. Não há como gostar de uma tentativa tosca de enaltecer um terrorista comunista como Marighella, que fomentava a guerrilha urbana e era uma espécie de Che Guevara brasileiro. É como o filme “Diário de Motocicleta”, que tenta florear a vida do terrorista argentino, aquele que se preocupava com leprosos e justiça social, segundo a ficção, e não o que tinha tesão no odor de sangue, como o verdadeiro.

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Wagner Moura é o típico esquerdista caviar, sempre defendendo as bandeiras erradas, fã de carteirinha do PSOL. Em outras palavras, mais um bom artista com miolo mole, que empresta a fama para causas nefastas. Óbvio que um filme seu sobre Marighella vai distorcer todos os fatos para pintar o terrorista como um ser humano decente, quiçá louvável. Em entrevistas que o ator/diretor deu sobre sua obra isso já salta aos olhos. Portanto, não verei a película.

Mas a escolha de Seu Jorge como ator principal, no papel do terrorista, chamou a atenção. Não nego que a busca de semelhanças físicas seja um detalhe menor numa obra de ficção. Acho que o bom ator é capaz justamente de mergulhar em seu personagem e convencer o público de que é ele, mesmo com gritantes diferenças físicas. É por isso que ator… atua. Não é para ser o próprio, mas sim um personagem inspirado no sujeito real. E é por isso que uma mulher pode fazer o papel de um trans, um heterossexual o de um gay e por aí vai.

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Mas, na época do politicamente correto e da política de identidades, a esquerda “progressista” não permite mais isso. Tudo virou “apropriação cultural” ou roubo de espaço, e só um trans pode fazer o papel de outro trans na telona. É preciso uma reserva de mercado para as “minorias”, e para o inferno com os “detalhes bobos” como meritocracia e capacidade de atuação. Só há um problema: essa exigência é seletiva, como tudo que vem da esquerda. Para fazer o papel de um trans tem que ser trans, mas para fazer o papel de um branco, pode ser negro. Mesmo quando o branco era um bandido terrorista!

O professor Paulo Cruz, colunista da Gazeta do Povo, cobrou uma posição do movimento negro:

Uma pergunta básica: o movimento negro e os lacradores racialistas de internet não vão dizer nada sobre o Wagner Moura ter usado um negro para representar um criminoso branco? 

Segundo a lógica desse pessoal — a mesma que usaram para impedir que Fabiana Cozza interpretasse D. Ivone Lara (caso que analisei no artigo que segue no primeiro comentário) — Marighella era mestiço, não era preto retinto. Ele, certamente, seria tratado como branco caso não fosse de interesse ideológico que fosse negro. Aliás, não faz muito tempo que ele “virou” negro. E nunca lutou contra o racismo.

Sendo assim, eu, como preto retinto, que não quero esse tipo de representatividade deletéria, tenho o direito de reclamar. Se Mano Brown et caterva consideram esse tipinho desprezível um herói, eu não.

Cruz está certo, claro. Não só ao apontar a incoerência do movimento negro, mas ao desejar se afastar de alguém como Marighella. Tantos heróis verdadeiros negros que poderiam ser exaltados em filmes, e escolhem justo um terrorista mulato, quase branco, para virar ícone negro?! É como sempre digo: feminismo e movimento racial têm pouco a ver com mulheres e negros, e tudo a ver com esquerdismo radical…

Rodrigo Constantino 

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