Deu na coluna de Lauro Jardim:
Para trocar o comando da oncologia do Sírio-Libanês (SP) pelo da Rede D’Or, Paulo Hoff negociou o mais alto valor que um médico já recebeu na história da medicina brasileira. Foram inacreditáveis R$ 50 milhões de luvas e mais um salário mensal acima de R$ 1 milhão.
Os valores parecem absurdos para alguns, que ao mesmo tempo consideram a coisa mais normal do mundo um jogador de futebol ganhar milhões. De fato, ambos os casos são legítimos: em um ambiente de trocas voluntárias, isso quer dizer que eles geram mais do que esses montantes de valor para quem os contrata, uma vez que ninguém o faz sob a mira de uma arma.
Há muita confusão entre valor, esforço e mérito. Muitas vezes o sujeito coloca bastante esforço num determinado trabalho, mas ele continua valendo pouco, sob a ótica monetária. E é assim por vários motivos: baixa produtividade, pouca demanda, muita concorrência na oferta etc. Um pintor de parede pode ralar um bocado, mas não será capaz de gerar o mesmo valor financeiro de um Picasso, cujos quadros são muito procurados.
Escassez também é parte importante da equação. Quantos zagueiros pernas-de-pau existem por aí? E quantos atacantes com a habilidade de um Neymar, de um Messi? O público vai ver esses craques transformando futebol em arte, e por isso eles ganham tão mais do que os reles mortais. É merecido.
O que não quer dizer que um artilheiro tenha mais valor do que um médico, como pessoa. Pode ter uma conta bancária mais recheada, mas valor, em termos de estima e dignidade, não depende do bolso, ao contrário dos que os “progressistas” materialistas pensam.
Não obstante, não deixa de ser interessante notar que os médicos mais destacados em suas áreas começam a ganhar como grandes artilheiros também, do ponto de vista monetário. E isso é merecido, justo, fruto de um conhecimento específico muito valioso no mercado de medicina. Salvar vidas não custa barato, e o conhecimento necessário para tanto não cai do céu (sem falar dos equipamentos). Quem quer que médicos sejam apenas altruístas adota visão ingênua, que na prática condena os pacientes à morte.
André Leite comentou sobre a notícia:
Na era do conhecimento a desigualdade de renda só vai aumentar. Sinto muito. Para valer isso, e dono de hospital sabe fazer conta, esse daí gastou longas e intermináveis horas de estudo e pesquisa para se diferenciar do orelha seca que fica postando “que droga é segunda e thanks God is Friday”, fica de papo no trabalho e vive em balada sertaneja. Esse tipo de notícia é animador para um país que só vive pendurado nas tetas da viúva. Isso aí, estudo, meritocracia e resultados. Parabéns Dr.!
Minha coluna na IstoÉ este fim de semana foi justamente sobre a preguiça típica do brasileiro médio, que quer tudo instantâneo, o bônus sem o ônus, o resultado sem o esforço, a riqueza sem o risco. O caso do médico que recebeu milhões para trocar de hospital vem bem a calhar, para mostrar como a ralação pode render bons frutos. O que deve ser condenado não é a desigualdade de renda em si, mas a forma de obtê-la.
Se for como a família Lula, que não teve mérito algum, que não produziu valor algum para a sociedade, que apenas explorou a ignorância alheia e, uma vez no poder, vendeu privilégios estatais em troca de propinas, então a riqueza é condenável. Mas se for um jogador que nasceu com um dom e o lapidou à custa de muito treino, ou de um médico que salva vidas com seu vasto conhecimento acumulado ao longo de anos de intenso estudo, então os milhões são apenas o reconhecimento do valor que produzem, e são totalmente merecidos.
Parabéns, doutor!
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
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