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O Passe Livre explora os pobres

Por Paulo Eduardo Martins, publicado pelo Instituto Liberal

O “passe livre” é tão possível quanto o almoço grátis. Ou seja, você pode até conseguir um, mas alguém vai pagar por você.

Já demonstrei num post anterior que o Movimento Passe Livre quer mesmo é fazer uma revolução e que a “luta pelo transporte” é apenas uma isca para mobilizar pessoas. No entanto, por um minuto vou considerar a pauta do movimento legítima a tratar da questão do almoço grátis, ou melhor, transporte grátis. Na realidade, tanto faz.

Tanto um almoço ou uma viagem de ônibus demandam recursos escassos, o que implica obviamente em custos. Diferente de respirar ao ar livre, onde o oxigênio não é escasso e por isso não há custos.

Os comunistas do MPL querem a estatização total do transporte para que empresas privadas não tenham lucro com o serviço e assim todos poderão usufruir do transporte gratuito e de qualidade.

Vejamos se a mágica é possível:

Para transportar alguém é preciso haver ônibus, garagem para o ônibus, motorista, cobrador, óleo diesel, mecânicos para fazer a manutenção e higienização dos ônibus, coordenadores desses trabalhos, treinamento, pessoas que contratam pessoas para as funções citadas, pátios para garagem, manutenção e estrutura administrativa, pontos de ônibus que abriguem passageiros, terminais de ônibus e possivelmente outros itens que não me lembro ou ignoro.

Mesmo que seja aplicado o que defende o MPL e os ônibus sejam expropriados, os motoristas, os cobradores e demais trabalhadores do sistema não trabalharão de graça, não  haverá o “trabalho livre” ou “trabalho grátis”. A não ser que o MPL escravize essa gente, será necessário recursos para remunerá-los. A Petrobras também não está em condições de doar o óleo diesel, tem que pagar a companheirada.

Ah, mas tudo será estatizado, os recursos virão da Prefeitura, do poder público. Ah é? E o poder público tira dinheiro de onde? Sim, do público, do povo!

Então todos pagarão impostos para sustentar o sistema de transporte. Ricos e pobres trabalharão para manter os ônibus rodando, seja para levar trabalhador ao trabalho, seja para levar desocupado à diversão ou menino rico que quer fazer aventuras pela cidade.

Como em tudo que é público e ilimitado, não ocorrerá a utilização racional dos recursos escassos, o que leva ao desperdício. Isso implica em altos custos e péssima qualidade, exatamente como ocorre no SUS.

Como os ricos têm sobras de dinheiro e os pobres não conseguem ter, o peso do custo do transporte terá muito mais efeito sobre os pobres, especialmente sobre aqueles que não são usuários do transporte público, que pagarão pelo que não desfrutam. É isso, se hoje os pobres sofrem para pagar a tarifa quando usam o ônibus,  MPL quer que paguem até quando não usam.

Portanto, o MPL não está preocupado com os pobres, está preocupado com a “construção de uma nova sociedade” e os pobres são apenas o seu meio de transporte para isso.

Ademais, para suas ações de carnaval, o MPL lançou o “Bloco Pula Catraca”.  É uma autodenuncia. Afinal, como é impossível o transporte grátis, os custos são sempre repassados para outros usuários.  Significa que quando um mascarado pula a catraca, há sempre um pobre sofrendo pra pagar por ele.

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