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O pato manco: quem mandava era a raposa!
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Mantega, o pato manco

Agora é tarde demais para mudar equipe econômica, disse Marina Silva em resposta à “demissão” de Guido Mantega durante a campanha eleitoral, em que a presidente Dilma afirmou disposição para trocar sua equipe em eventual governo novo. De fato, bota tarde nisso!

A revista britânica The Economist, em dezembro de 2012, pediu a cabeça de Mantega como sinalização de que o governo Dilma compreendia seus equívocos na gestão econômica. “Se quer mesmo um segundo mandato, Dilma Rousseff tem de mudar a equipe econômica”, constatou categoricamente a revista. Nada. Mantega continuou até o fim.

É o ministro mais longevo na pasta, acumulando mais de oito anos de serviços prestados não se sabe bem a quem, pois não foi, certamente, ao povo brasileiro. Seu desempenho precisaria melhorar muito para ser apenas medíocre. Seus constantes erros grosseiros de estimativas, sempre demasiadamente otimistas ou irrealistas, vão ficar registrados para sempre: nunca antes na história deste país tivemos um ministro tão fraco com tanto poder.

E eis o cerne da questão: Mantega foi mantido por Dilma, apesar dos péssimos resultados, justamente por ser fraco. Aécio Neves aproveitou para espetar a concorrente e disse que o Brasil está sem ministro da Fazenda após a declaração de Dilma. Mantega agora é visto como um “pato manco”, expressão usada pelos americanos (“lame duck”) para se referir a alguém que chega ao fim de um mandato sem força alguma, um morto-vivo, um zumbi. Mas quando Mantega não foi isso?

Tenho insistido nessa tecla pois é muito importante deixar claro que Mantega estava lá para cumprir ordens, e que o Brasil ainda tem, sim, um ministro da Fazenda, na verdade uma ministra: chama-se Dilma Rousseff. É a própria presidente que decide sobre os rumos da política econômica, pois não sabe delegar e se acha capaz de fazê-lo, com sua arrogância ímpar.

De nada adianta “demitir” Mantega agora. Vai apenas deixá-lo magoado, e com razão, por ser tratado como o bode expiatório dos problemas econômicos. Será que sua fidelidade à “causa” é tanta a ponto de aceitar passivamente o fardo para proteger sua chefe? Ficará ele calado e engolirá a seco a pecha de responsável pela crise, cuja existência Dilma até hoje nega?

Veremos. Mas para um eleitor mais atento, para um empresário que não hibernou nos últimos quatro anos, a mensagem de que a equipe será trocada não diz nada, uma vez que a responsável pelas decisões continuaria lá, nos desmandos da economia. O pato sempre foi manco. Quem ditava as regras todas era a raposa mesmo…

Rodrigo Constantino

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