Por Jefferson Viana, publicado pelo Instituto Liberal
Temos visto as ideias da liberdade crescendo Brasil afora, mas vivemos um eminente problema: ao mesmo tempo que defendem uma agenda liberal no campo econômico, muitos liberais ainda caem no conto da esquerda gramscista e defendem uma agenda cultural que parece condizer, no primeiro momento, com o liberalismo mas que, na verdade, presta um grande serviço ao socialismo.
Muitos liberais defendem assuntos polêmicos olhando apenas para a questão econômica, não observando as questões sociais como, por exemplo, o resultado da implementação de determinadas ações. Esse é o chamado economicismo, que significa que o olhar econômico deve prevalecer sobre os demais aspectos. Se determinada medida gerar lucros, não se observam os impactos sociais que acontecerão após aplicação dessa.
Esse é um grande problema e podemos analisar os exemplos da Holanda e do México. No caso holandês, a legalização do uso de maconha produziu muitos lucros, todavia gerou também muitos problemas sociais. Um deles é o chamado “turismo da droga”, em que estrangeiros vão ao país europeu apenas para consumir a droga. O governo holandês já está desenvolvemdo campanhas para a diminuição do consumo de drogas e restringiu o uso de entorpecentes para turistas.
No caso mexicano, uma decisão tomada no país vizinho causa problemas mais sérios. Com a legalização do uso de maconha em alguns estados dos Estados Unidos, antigos traficantes migraram para outros tipos de crimes como assassinatos, roubos, latrocínios e sequestros, aumentando a já alta taxa de criminalidade no país asteca, mostrando, mais uma vez, que ações têm que ser tomadas olhando-se também o entorno.
Além dos resultados citados para o caso das drogas, ainda vemos alguns casos de liberais defenderem o aborto utilizando-se, apenas, de argumentos econômicos, mas não observando os impactos de tal legalização. Primeiramente, o aborto é uma medida antiliberal uma vez que ataca os chamados direitos naturais como a vida e a liberdade. Além de ser uma agressão fatal a um ser que não tem chance de defesa nem escolha, é uma proposição feita por pessoas de inspiração socialista e nazista, valendo-se da teoria eugenista.
Os liberais não podem entrar nessa onda do politicamente correto para ficarem bem com seus colegas de universidade. Não basta apenas ter o conhecimento econômico, mas também deve-se ter a mínima noção de vida em sociedade. Thomas Sowell, no livro Os intelectuais e a sociedade, descreve como as ações sócio-construtivistas afetam a mentalidade de alguns membros da população que defendem determinadas posições, observando apenas o resultado financeiro e mantendo, ao mesmo tempo, um país com economia de mercado e construção social socialista pós-moderna.
Evitar que o liberalismo vire apenas mais uma teoria cliometrista é um dever de todos nós, amantes da liberdade responsável. Sabemos que o homem não vive apenas de relações econômicas, simplesmente. Determinadas regulações morais devem existir para prevenir as futuras gerações de viver em uma sociedade com valores culturais relativizados, gerando desgraças morais como atualmente vivem países como a França e a Suécia. Lá, em nome do politicamente correto, os valores culturais foram dizimados ou tornaram-se relativos.
Afinal, políticas de macro e microeconomia fortes são imprescindíveis, mas, nunca, abdicando-se dos padrões morais de uma vida em sociedade.