O PIB brasileiro cresceu 0,4% no segundo trimestre, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE. O resultado foi melhor que o esperado pelos analistas. Em comparação ao mesmo período do ano anterior o crescimento foi de 1%.
No primeiro trimestre, a economia havia tido um desempenho negativo de 0,1% em relação ao resultado dos últimos três meses de 2018, após oito trimestres seguidos de alta. Se o resultado do segundo trimestre também tivesse sido negativo, o Brasil entraria em recessão técnica – que é caracterizada por dois trimestres seguidos de queda na atividade econômica.
Na avaliação por setores, o melhor desempenho foi o da indústria, com crescimento de 0,7% em relação ao primeiro trimestre. O resultado positivo foi puxado pela expansão nas indústrias de transformação (2%) e na construção (1,9%). Chama a atenção o resultado na construção: é a primeira alta depois de 20 quedas consecutivas nessa base de comparação.
Mesmo com esse resultado acima do esperado, a economia brasileira ainda pode ser considerada dentro de um quadro de estagnação, e está muito longe de recuperar o que perdeu durante os anos da recessão. De acordo com o IBGE, a economia ainda está 4,8% abaixo do pico alcançado no primeiro trimestre de 2014.
O quadro de persistência no elevado índice de desemprego prejudica o lado da demanda, enquanto as incertezas políticas afetam o lado do investimento. Se o governo tem méritos pelo avanço da agenda de reformas, em especial a previdenciária e a MP da Liberdade Econômica, o presidente tem contribuído para um clima de insegurança política ao abusar de sua tática de confronto permanente. O cenário externo não tem ajudado muito, com a crise argentina e a guerra comercial entre Estados Unidos e China gerando mais dúvidas. Há também as novas incertezas do impacto da crise ambiental no agronegócio.
Alguns economistas, como Eduardo Giannetti, já defendem um “impulso fiscal”, ou seja, aumentar gastos públicos para estimular a economia, o que considero temerário. O caminho deve ser justamente o oposto: intensificar o corte de gastos, as reformas estruturais, as privatizações, e trabalhar para criar um clima político mais estável. Somente assim as empresas vão tirar da gaveta seus projetos de investimento.
Rodrigo Constantino