Eu diria que o Brasil hoje está dividido em dois grandes grupos, entre aqueles que têm um mínimo de conhecimento acerca do que se passa no cenário político-econômico do país: os que podem falar o que pensam, e os que não podem. Com isso quero dizer que todos aqueles atentos aos acontecimentos relevantes já sabem que a presidente Dilma é incompetente e que sua arrogância representa enorme risco para nosso futuro, cada vez mais próximo; mas nem todos podem falar isso.
O caso do Banco Santander deixou clara a linha limítrofe para tal independência. A analista apenas constatou um fato conhecido, mas perdeu seu emprego por isso e o presidente do banco veio pedir desculpas ao governo. Está no time dos que não podem falar o que pensam, por milhões ou bilhões de motivos.
Nesse time há de tudo: empresários grandes com muito a perder se tiverem o governo como desafeto, “jornalistas” e blogueiros a soldo do PT para fazer propaganda disfarçada do governo, pessoas que de alguma forma aproveitaram a era do lulopetismo para conquistar tetas estatais, etc.
Poucos são aqueles com tamanho e independência para repetir publicamente aquilo que todos falam em particular. Temem represálias do governo. Os menores contam com mais flexibilidade, pois não são alvos preferidos do governo. Ainda assim, é louvável quando cumprem com seu papel de cidadãos e alertam seus clientes dos riscos existentes em um (provável) segundo mandato de Dilma. Foi o caso da consultoria Rosenberg Associados, e faço questão de prestar minha homenagem à sua independência aqui.
Em relatório enviado a seus clientes, a Rosenberg avaliou que é bom se prepararem, pois o cenário mais provável ainda é de vitória de Dilma. Para seus analistas, se esse cenário se confirmar, teremos a continuidade da “mediocridade, do descompromisso com a Lógica, do mau humor prepotente do poste que se transformou em porrete contra o senso comum”. Dilma usará seu tempo bem maior de TV para disseminar o pânico entre os eleitores mais humildes e de classe média, alertando que sua eventual derrota representaria a perda das conquistas recentes.
Geraldo Alckmin deve vencer com certa facilidade, e continuar como “o bastião da resistência contra o bolivarianismo”. É raro uma consultoria usar esse termo, ainda que todos o utilizem em “off”, pois ninguém pode alegar que o risco não existe e não passa de paranoia da “direita”. A Argentina mora ao lado, a Venezuela também, e todos sabem que o Brasil, no fundo, não está tão imune assim ao perigo do mesmo destino. Poucos têm a coragem ou, principalmente, a independência de dizê-lo.
Quando acontece, portanto, merece reconhecimento e admiração. Parabéns aos envolvidos no relatório da Rosenberg por levarem uma análise realmente independente aos clientes. Dureza será os clientes do Santander acreditarem em alguma análise do banco a partir de agora…
Rodrigo Constantino
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