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Por Jenifer Castilho, publicado pelo Instituto Liberal

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“Mentiram para você na escola”. A primeira vez que ouvi essa frase, eu tinha 15 anos e fiquei horrorizada. Na minha mente, os professores eram os detentores do saber, os sábios que me passavam a sabedoria, eles não fariam isso comigo, eram proibidos de mentir.

Quando eu tinha 17 anos, um professor fantástico chamado Nelson Santos, que fazia da Química algo fácil, disse com muita humildade na primeira aula que ele não sabia de tudo e podia errar. E, por incrível que pareça, foi nesse momento que me toquei que os professores podem se enganar.

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Porém, a questão do Brasil atualmente é mais preocupante que um simples erro acidental de um professor isolado. Histórias erradas estão sendo contadas e passadas para a frente, os alunos as tomam como verdade absoluta, não questionam, não pesquisam para confirmar se o professor está falando o que realmente aconteceu, afinal de contas, o trabalho dele é ensinar o correto.

Quem nunca ouviu falar, por exemplo, sobre a Revolução Industrial? Esse assunto é tratado e repetido nas aulas de história, de sociologia e também nas aulas de políticas públicas nas faculdades. Se você se lembrar ou, por acaso, pesquisar no Google, as informações que virão sobre esse período da história serão as seguintes: houve uma mudança na organização econômica da sociedade ocidental, os trabalhadores tornaram-se mãos-de-obra barata e abundante nas fábricas, jornadas de trabalho diárias por volta de 14 horas, trabalho feminino e infantil mais barato, por outro lado, a burguesia industrial vivia bem, ostentava luxo. Assim surgiu a desigualdade social e, buscando impedir que essa questão social destruísse por completo a sociedade, surgiram pensadores, salvadores da pátria, que apresentaram teses para explicar sobre a existência da desigualdade social e apontaram soluções para acabar com ela.

Esses autores defendiam que o modelo liberal de economia devia ser repensado. Segundo Karl Marx, por exemplo, a desigualdade social é fruto do sistema capitalista e a solução seria a extinção da propriedade privada dos meios de produção. O socialismo tiraria o proletariado da opressão e criaria um mundo sem desigualdades social, com gestão coletiva e sem divisão de classes no sistema econômico. Alguns autores que li até ousam dizer que “vários sucessos foram alcançados nesse sentido”, só não informaram onde e quando.

Ou seja, a história mentirosa contada nas escolas, e até mesmo nas universidades, sobre a Revolução Industrial é claramente uma propaganda para o sistema socialista, pois ele vai libertar os oprimidos de seus opressores, e também é uma crítica ao capitalismo, pois ele gera pobreza e fome. O projeto Escola Sem Partido quer evitar exatamente isso que está acontecendo nas escolas hoje: não há neutralidade política, a História é distorcida para favorecer uma ideologia. São contadas mentiras ou meias verdades. Neutralidade política não significa a ausência de debate sobre os temas de ordem social, individual e política e, sinceramente, não consigo entender como um projeto que tem o inciso “liberdade de aprender e de ensinar” – liberdade de ensinar –  pode ser considerado lei da mordaça ou “lei que impede o professor de opinar em sala de aula”.

AGORA, A VERDADE SOBRE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:

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A pobreza sempre existiu e a condição de vida antes da Revolução Industrial era muito pior. Com o acontecimento da Revolução Industrial, o trabalhador produzia mais com menos, com isso, os preços dos produtos caíram e, por consequência, se tornaram mais acessíveis para os pobres. Quem antes não podia comprar passou a poder. “Pela primeira vez na história o padrão de vida das pessoas comuns começou a se submeter a um crescimento sustentado” (Robert Lucas, prêmio Nobel de Economia).

Em relação a jornada de trabalho, é claro que, comparado aos dias de hoje, assusta ler que eles trabalhavam cerca de 14 horas por dia, já que trabalhamos por volta de 8 horas diárias, mas antes da revolução, a jornada era tão intensa quanto, e mulheres e crianças já trabalhavam, a jornada de trabalho no início do século XVIII era de 80 horas por semana e a expectativa de vida era por volta de 36 anos de idade, passando para 45 anos após a “demonizada” Revolução Industrial.

Visto isso, percebe-se que a revolução industrial não puniu os mais pobres. A comparação certa a se fazer é essa: como era a vida antes da revolução e como ficou depois dela. O mundo não muda e melhora o padrão de um dia para o outro, as coisas acontecem gradativamente e, com certeza, melhorou com o advento da Revolução Industrial.

Mas, então, surge a questão: estão mentindo nas escolas por algum interesse ou simplesmente porque não sabem história? Seja qual for a resposta, ela é, no mínimo, preocupante. E o projeto Escola Sem Partido propõe que o professor “ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, apresentará aos alunos, de forma justa, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito”.

Mas será que os professores saberiam indicar aos seus alunos de forma justa os principais autores liberais e conservadores, juntamente com os autores esquerdistas? Saberiam discutir sobre eles? E por que há esse medo latente de apresentar outros autores que não sejam de esquerda?

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Esse exemplo é só sobre a história contada errada sobre a Revolução Industrial. Ainda tem muito mais.

* Jenifer Castilho é estudante de Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.