Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal
É verdade que o Partido dos Trabalhadores não inventou a corrupção, nem o patrimonialismo, nem o populismo. Também não foi o Pelé que inventou o futebol. O PT não inventou nenhum dos crimes dos quais é acusado, mas isso não desfaz o fato de que ele seja o partido mais corrupto, patrimonialista e irresponsavelmente populista da história do Brasil − assim como Pelé se tornou o rei do futebol sem tê-lo criado.
O envenenamento da sociedade e da economia brasileira gerou uma consequência pouco percebida: A perda do orgulho nacional.
Nunca antes na história do Brasil, a seleção de futebol foi tão vaiada.
Nunca antes na história do Brasil, grandes eventos realizados no país foram tão criticados.
Nunca antes na história do Brasil, debochamos tanto das derrotas de nossos atletas.
Nunca antes na história do Brasil, houve tantas pessoas hostilizando os representantes de nossa democracia.
Isso está acontecendo porque se tornou tão estrondosa a intenção ideológica do PT e os esquemas de corrupção que transformariam o Brasil numa potência, que grande parte da população instruída sente-se desconfortável em torcer pelo sucesso dos empreendimentos relacionados a esse período.
Como torcer para uma seleção brasileira de futebol que representa fidedignamente a cultura do salto-alto que o PT se esforçou tanto consolidar entre as autoridades?
Como ter orgulho da Copa do Mundo aqui realizada olhando para o entorno dos estádios, tão inseguros e desconfortáveis quanto sempre foram?
Como aplaudir atletas chorões vivendo todos os dias o resultado das políticas de exaltação dos medíocres e recalcados?
Como respeitar os políticos depois de ser governados por Lula e Dilma?
Os jogos da seleção brasileira e os grandes eventos esportivos sempre foram os refúgios dos brasileiros, momentos em que deixávamos as vergonhas de lado para torcer por aqueles que levantam nossa bandeira. A seleção brasileira era a Seleção Brasileira, mesmo em suas piores fases. Hoje, a seleção nos lembra a Copa do Mundo, que nos lembra das construtoras, que nos lembra dos meios que o PT criou para se financiar, que nos lembra das causas da atual situação econômica.
Lula foi o Presidente da República de um país democrático que pegava o microfone para insultar a parcela da população que o criticava, identificando-a pejorativamente como “elite branca”. Dilma levou isso ao extremo. Resultado: Na Copa do Mundo realizada no país do futebol, vaiamos a Presidente da República. O PT rebaixou a sociedade ao seu próprio nível.
Virou hábito. Vamos vaiar Temer também! Vamos vaiar todos! Vamos mostrar para o mundo que odiamos os representantes de nossa democracia. Vamos mostrar para a imprensa internacional que ridicularizamos os jogadores de futebol que estão entre os melhores do mundo. Vamos convidar o mundo a rir de nossas tragédias!
Os jornais estrangeiros deram destaque ao “bom humor” dos brasileiros depois do 7 a 1 que a seleção levou da Alemanha numa Copa do Mundo realizada no Brasil. Não foi “bom humor”. Foi comemoração, já que uma possível vitória na final consagraria o populismo petista, alimentando cretinices ainda maiores do que as que somos obrigados a ouvir todos os dias, dentro e fora do congresso. Naquele momento, torcer pela derrota da seleção era uma forma de nos proteger de algo pior. Não adiantou. Perdemos a Copa. Reelegemos Dilma. Cá estamos. Perdidos em todos os sentidos.
O PT nos transformou numa sociedade constrangida. A realização de uma Olimpíada no Brasil mais nos incomoda do que nos orgulha. Muitos se sentem insultados. Alguns, revoltados.
Não é difícil imaginar o sentimento de alguém que precisou de algum serviço público na noite de abertura da Rio2016.
Sob a mão do PT, o Brasil passou por um dos melhores períodos econômicos da história do mundo. Apesar disso, fomos o país que menos cresceu. O dinheiro que não foi roubado foi desperdiçado.
A zona de conforto que o PT criou dentro da pobreza somada a maquiagem estatística entorpeceu a sociedade. A maioria das pessoas enxergava grandes avanços sociais − o PT acabou com a pobreza! Depois de 13 anos, o efeito da droga acabou. O povo acordou. Do delírio, a vergonha. Da vergonha, a indignação.
Daqui algumas semanas, as poucas obras de mobilidade feitas para a Rio2016 e que ainda estão em andamento serão abandonadas. As arenas esportivas também. O prefeito Eduardo Paes se lançará candidato ao governo do seu estado com a mesma cara-de-pau que os petistas chamam o impeachment de “golpe”.
Como não vaiar tudo o que remete ao governo?
Se a delegação brasileira na Olimpíada somar mais medalhas do que na anterior, Lula e Dilma gritarão “Eis nosso legado! Durmam com essa, elite golpista!”, iniciando uma cascata de cretinices nas redes sociais. Por conta disso, é compreensível que tantos torçam contra os atletas brasileiros, que tantos fiquem felizes ao ver o país ficando para trás.
A desolação de nossa sociedade é tão grande que a derrota de nossos atletas e a exposição de nossos problemas para a imprensa internacional se tornaram nossas pequenas vinganças contra aqueles que se dedicam a criar leis que encarecem e dificultam nossa vida.
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