| Foto:

Desenvolvi uma forma simples e rápida de identificar um “petralha”: basta chamar a presidente de “presidenta”. Entrega-se no ato, sacrificando a gramática em prol do puxa-saquismo. Agora acrescento outra forma igualmente veloz de diagnóstico: chamar o mensalão de AP 470. É tiro e queda.

CARREGANDO :)

Em sua coluna de hoje na Folha, o jornalista Ricardo Melo escreve tanto absurdo que dá preguiça de rebater. Mas são os ossos do ofício, não é mesmo? Vejo-me às vezes como uma espécie de Insetisan do petismo espalhado na imprensa brasileira. Então, vamos lá.

Melo começa chamando o mensalão de AP 470. Como eu já disse, as luzes amarelas disparam em sinal de alerta. Fosse “apenas” isso, tudo bem. Mas tem muito mais.

Publicidade

Sobra para Joaquim Barbosa a alcunha de “ministro falastrão”, logo no segundo parágrafo. O ódio a Joaquim Barbosa tem sido a marca registrada dos “petralhas”. Alguns chegam a apelar para um racismo abjeto nas redes sociais, tudo para desqualificar o ministro que não se intimidou ou se vendeu, preferindo aplicar as leis mesmo contra um partido no qual era eleitor.

Eis a tese de Melo: se os petistas não tivessem feito “vaquinha” para pagar as multas impostas pelo STF, não teriam dinheiro para pagá-las, e ainda seriam crucificados por todos como caloteiros. Eles não tinham alternativa, pobrezinhos! Então, passaram o chapéu na militância. Diz o jornalista:

Sem afrontar instituições, sem desrespeitar qualquer direito (diferentemente do que ocorre com os dos condenados), Genoino e cia. agiram como deveria ser habitual num partido de raízes populares: recorreram à militância. Quem se assustou? Todo mundo para quem não passa pela cabeça alguém doar dinheiro por acreditar em alguma coisa, alguma ideia, algum futuro.

Penso que o próprio Delúbio Soares não escreveria algo assim, tão escancarado e ridículo. Acreditar em alguma coisa, alguma ideia, algum futuro? Vou traduzir o que é essa coisa, essa ideia e esse futuro: permanecer no poder pelo poder, para mamar eternamente nas tetas estatais!

Chamar as coisas pelos nomes é uma mania chata que tenho há anos. O jornalista realmente acha que vai enganar alguém com esse discurso? Acha que alguém vai acreditar que a “vaquinha” arrecadou um milhão de reais, sendo R$ 600 mil num único dia, porque muitos militantes acreditam nas ideias petistas?

Publicidade

Choca o fato de um jornalista sequer levantar suspeitas sobre a fonte desses recursos e os reais motivos dessa transferência para criminosos presos. Prefere afirmar que é uma iniciativa popular, calcada em afinidade de ideias, e que quem condena o faz por temer o “povo”. É muita cara de pau mesmo.

Em seguida, o petista, digo, o jornalista cita o caso Alston para mostrar como os mensaleiros são mais nobres ao apelar para arrecadação voluntária, e ainda aproveita para colocar em xeque a legitimidade das penas do mensalão pelo STF: “Não há anjos em política, mas a democracia em vigor prevê o respeito a decisões judiciais, até num caso polêmico como a AP 470“.

É realmente de embrulhar o estômago. Para o jornalista, o PT incomoda porque consegue levantar grandes quantias em nome de ideais. Agora, aparelhar a máquina estatal, desviar recursos públicos e enriquecer à custa da “viúva” viraram “ideais”.

Mas logo abaixo vem o currículo do homem. Entre muitas funções jornalísticas, pescamos isso aqui: “Na juventude, foi um dos principais dirigentes do movimento estudantil ‘Liberdade e Luta’ (‘Libelu’), de orientação trotskista”. Precisa dizer mais alguma coisa?

Rodrigo Constantino

Publicidade