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Por Thiago Kistenmacher, publicado pelo Instituto Liberal

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Nessa última semana temos visto comentários acerca de uma fala de Bolsonaro na qual ele afirma que não aceitaria passivamente o resultado das eleições caso venha a perder. Novamente, surge a má-fé para com o candidato do PSL – como se ele fosse o culpado da situação caótica na qual se encontra o Brasil.

Todavia, antes de discutirmos certas obviedades semânticas, vejamos o que disse Bolsonaro: “Um sistema eleitoral em que já tínhamos acertado uma maneira de auditá-lo, que é o voto impresso, lamentavelmente o Supremo Tribunal Federal derrubou.” Assim, completa: “Eu vejo que foi um absurdo o PT crescer, não existe isso, não é o que sinto nas ruas, um sinal claro de que o povo está no nosso lado. Não dá para a gente assistir passivamente, na possível fraude, a eleição do outro lado.”

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Agora a obviedade, na qual a má-fé se revela. O que Bolsonaro falou foi que, se perdesse, não aceitaria tal resultado passivamente, o que difere absurdamente de dizer que não aceitaria o resultado pacificamente.

Mas o que quer dizer não aceitar passivamente as eleições caso venha a perder? Primeiramente, não aceitar passivamente pode significar lutar por apurar mais detidamente a confiabilidade das urnas eletrônicas; pode querer dizer algo como um manifesto público pedindo que o povo se posicione contra o uso desses equipamentos – fraudáveis, vale ressaltar; pode significar que ele, se derrotado, proponha outras medidas para que o voto se torne mais confiável.

Entendo que a frase soaria bem diferente se fosse dito algo como “Não dá para a gente assistir pacificamente, na possível fraude, à eleição do outro lado.” Mas bem sabemos quem é que não admite a derrota pacificamente.

A propósito, é incrível o silêncio da esquerda diante da não aceitação pacífica dos ditadores bolivarianos quando contrariados; é impressionante observar os artistas “do bem” engajados por um “mundo melhor” terrivelmente calados diante dos excessos da ditadura venezuelana, etc. Imagine o leitor caso Nicolás Maduro pronunciasse uma frase dizendo que não aceitaria pacificamente ser derrotado nas eleições – caso lá houvesse eleições minimamente justas. Quem da imprensa ou dos artistas super cools se morderia de indignação diante de uma declaração como essa? Nenhum! Isso porque, ser bolivariano é ter salvo-conduto para infringir qualquer regra legal e ainda posar de vítima e, por fim, de herói do “povo”.

Entretanto, quando Bolsonaro afirma que não permaneceria passivo diante de um resultado que considerasse fraudulento, os polemistas entendem – ou fingem entender – outra coisa. Além do mais, é isso que a esquerda e grande parte da mídia deseja: que sejamos passivos diante do projeto ideológico que pretende perpetuar o PT no poder e fazer do Brasil sua horta na qual só brota ineficiência e psicopatia.

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Bolsonaro ainda teve que se retratar por causa de sua declaração, como se ela – que teve a palavra passivamente e não pacificamente, como vimos – representasse alguma ameaça à democracia.

Resumo disso tudo? A mídia perde credibilidade, os eleitores de Bolsonaro – e outros – ficam cada vez mais enojados e o mundo continua marchando para que esta seja lembrada na História como a época mais chata de todos os tempos.

Falei bastante do óbvio, sei disso. Mas, como escreveu Chesterton, “Chegará o dia em que teremos que provar ao mundo que a grama é verde.” E não é que parece que já chegamos lá?