Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal
O termo “terceira via” geralmente se refere a uma ideia de moderação, um meio termo entre duas propostas distintas. Os adeptos da terceira via costumam argumentar que reúnem o melhor de cada ideia, aglutinam o melhor de cada proposta numa terceira que conteria apenas as vantagens das propostas anteriores, e eliminaria suas desvantagens.
Um exemplo típico de terceira via é querer aglutinar as vantagens do capitalismo e do socialismo numa mesma proposta. Quando era aluno do direito vários de meus professores mostravam uma teoria, e depois uma teoria alternativa, e então concluíam que a terceira via juntava o lado bom das outras duas, mas sem nenhuma das desvantagens das anteriores.
Como fã de Star Trek, lembro de um episódio chamado “O Melhor de Dois Mundos”. Nesse episódio os humanos encontram os Borgs, raça que muitos podem qualificar como os comunistas espaciais. O episódio mostra que a terceira via simplesmente não é possível, pois a individualidade humana não pode ser preservada na coletividade Borg, e vice-versa.
Quando estruturamos uma ideia, partimos de determinados princípios. Ao desenvolvermos os princípios chegamos a determinadas conclusões que possuem pontos positivos e negativos. O que algumas pessoas gostam de fazer é juntar o resultado de ideias distintas, mas querem alterar diretamente a conclusão (sem alterar os princípios). Ora isso é simplesmente incorreto, a conclusão (o resultado) é o resultado dos princípios, alterar a conclusão sem antes alterar os princípios é um claro erro lógico (assumindo que erros lógicos não tivessem sido cometidos antes).
Nosso mundo não é o paraíso, toda ideia terá coisas boas e ruins associadas a ela. A ideia liberal é maravilhosa, mas é evidente que possui limitações. Contudo, acreditar que é possível alterar apenas as conclusões de uma teoria sem antes alterar seus pressupostos é um erro grave. A força do liberalismo reside na propriedade privada, na liberdade e responsabilidade individual, e num sistema de preços via mercado. Esses são os pilares do liberalismo, você só pode mudar o resultado desse sistema alterando seus pilares. Acreditar que é possível alterar apenas os resultados do liberalismo sem alterar seus pilares é logicamente absurdo. Contudo, alterar os pilares do liberalismo é equivalente a destruir a ideia liberal.
Outro exemplo recorrente são pessoas querendo alterar questões específicas da Igreja Católica sem se atentarem para os pilares da Igreja. Veja a questão do divórcio, muitos reclamam que a Igreja Católica não aceita o divórcio. Contudo, essas mesmas pessoas se esquecem de que num casamento católico é feito um juramente a Deus, é feita uma afirmação de que aquilo que Deus uniu o homem não pode separar. Como conciliar isso com a ideia do divórcio? Certamente, não dá para dizer: “os tempos são outros então a Igreja tem que aceitar”. A doutrina católica não funciona assim. Hoje existem vários teólogos tentando construir uma ponte, uma maneira de reconciliar indivíduos que se divorciaram – e agora estão numa nova relação – com a Igreja. Mas essa é uma tarefa árdua, e difícil de ser realizada sem alterar profundamente outros dogmas da Igreja.
Para finalizar, geralmente a ideia de uma terceira via (unindo o melhor de duas ideias opostas) é um discurso vazio. É a maneira de não se comprometer e de passar a impressão de uma pessoa moderada. A terceira via costuma ser a via expressa para o pior de dois mundos. Pra ser justo com o leitor, vale ressaltar que vários outros autores já chegaram a essa conclusão.
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