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O que eu penso sobre a UnB ofertar a disciplina “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”
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Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal

O Professor Luis Felipe Miguel irá ofertar no curso de GRADUAÇÃO em Ciência Política a disciplina “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil“.

Creio que algumas considerações se fazem necessárias:

1) Em primeiro lugar, o nome completo da disciplina é “Tópicos especiais em Ciência Política: O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”. Isso me parece ser importante pois, pelo melhor de meu conhecimento, isso implica que a disciplina é OPCIONAL, isto é, o aluno NÃO É obrigado a cursá-la.

2) Sejamos claros, a grande maioria dos professores universitários das áreas sociais têm claras preferências políticas por partidos ou doutrinas de esquerda. Sendo assim, eu gostei da honestidade do professor. Ele deixa claro logo no nome da disciplina o que será seu curso. Notem que isso é importante, um professor desonesto poderia nomear essa disciplina de “A Democracia Moderna e seus desafios na conjuntura brasileira”. Isso seria o bastante para não levantar suspeitas, e vários alunos poderiam se matricular por engano nesse curso. Já que é para dar um curso desses, o melhor mesmo é que o professor seja honesto e claro, informando a todos o real objetivo de sua disciplina.

3) Acho equivocada a reação do MEC por dois motivos: a) Judicializar essa questão abre um precedente perigoso; e b) isso só irá estimular outros professores a adotarem nomes neutros para suas disciplinas e continuarão impondo suas preferências políticas do mesmo jeito.

4) O que realmente me chamou atenção, e é digno de críticas se refere a bibliografia adotada pelo professor: blog da boitempo, opera mundi, entrevistas a jornais, blog do Sakamoto, blog junho, não formam exatamente um conjunto robusto de textos acadêmicos requeridos para um curso de nível superior.

5) Outro detalhe importante é a maneira como o professor se propõe a avaliar os alunos:
A avaliação dos trabalhos vai levar em conta a desenvoltura na utilização precisa dos principais conceitos das diferentes autoras, a visão crítica, a capacidade de realizar conexões com a realidade, o desenvolvimento de ideias próprias, a clareza de exposição e o domínio da norma padrão da língua portuguesa“. Por tais quesitos resta óbvio que, caso esse mesmo critério fosse aplicado ao professor, ele mesmo deveria se auto reprovar na matéria.

6) Seria interessante saber o que aconteceria no curso se algum aluno levasse ao professor bibliografias distintas da adotada por ele, ou se manifestasse opiniões embasadas em autores distintos, ou ainda se demonstrasse uma visão crítica alternativa a defendida pelo professor. Isto é, se o aluno demonstrasse visão crítica e desenvolvesse ideias próprias diferentes das do professor. Será que nesse caso a visão crítica e a capacidade de desenvolver ideias próprias seriam positivamente avaliados pelo professor? Ou será que visão crítica e capacidade de desenvolver ideias próprias só valem para os alunos que concordam com o docente?

Enfim, deixemos o professor em paz. Ele tem o direito de ofertar essa disciplina (desde que a mesma seja optativa). Mas alerto: sugiro ao professor que aplique a si mesmo o crivo que quer aplicar a seus alunos. Será que alguém que monte a bibliografia que ele montou tem capacidade crítica? Será que ele realmente quer criar em seus alunos a capacidade de desenvolver ideias próprias? Será que a bibliografia do curso leva o estudante a ter capacidade de realizar conexões com a realidade? A resposta me parece negativa e, nesse caso, o professor merece sim a reprovação. Afinal, ele falha em transmitir aos alunos o que ele mesmo quer exigir.

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