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O que mata é a pobreza, não os desastres naturais

Fonte: GLOBO (Foto: )

Nos últimos 20 anos, 90% das mortes causadas em mais de 7 mil desastres pelo mundo aconteceram em países de renda média e baixa. É isso que diz um relatório das Nações Unidas publicado nesta quinta-feira, segundo a Rádio ONU, para marcar o Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres. Nestes episódios, houve mais de 1,3 milhão de vítimas fatais — sobretudo em terremotos, tsunamis e outras tragédias naturais.

O documento foi lançado em apoio a uma campanha para reduzir a mortalidade global destas catástrofes, especialmente nas comunidades pobres. Os locais de estrutura precária, sem a preparação necessária para estes episódios, apresentam os maiores índices de mortes nestas ocasiões.

Segundo o Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres, o número de mortes em catástrofes naturais é diretamente relacionado aos níveis de renda e desenvolvimento dos países. No número total de mortos nestes eventos nos últimos 20 anos, países de rendas média e baixa registraram mais de 1,2 milhão.

Estava sob alerta de furacão aqui em Weston com a passagem do Matthew, responsável pela morte de cerca de mil haitianos. Vi a organização da sociedade, as casas todas com aqueles shutters para colocar nas janelas, as estradas perfeitas para a evacuação, enfim, toda a infraestrutura que só uma civilização rica pode ter. Dizem que o custo do estrago será de US$ 10 bilhões, mas eis o ponto: a Flórida tem condições de arcar com isso, e conseguiu evitar o maior custo de todos: o de vidas humanas.

O que o relatório da ONU diz, claramente, é que a pobreza é o grande problema, não os desastres naturais. Estes sempre existiram e vão continuar existindo. Alguns culpam as “mudanças climáticas”, mas é importante lembrar de uma vasta lista de desastres antes dessa paranoia com o “aquecimento global”, sem falar que terremotos não são causados por isso. Em um texto antigo sobre o alarmismo desses “cientistas”, escrevi:

Qualquer desastre natural hoje é visto como resultado certo do aquecimento global e, portanto, do capitalismo. O furacão Katrina, que devastou Nova Orleans, foi um exemplo claro disso. Como será que essa gente iria reagir aos desastres do passado, quando ninguém falava em aquecimento global? Em termos de força, o pior furacão se deu em 1935, seguido pelo Camille, em 1969. O Andrew, de 1992, vem depois, mas logo em seguida temos um em 1919 e outro em 1928. As enchentes chinesas matam milhares de pessoas desde o século XIX. Seria culpa do “aquecimento global” também? A histeria parece ter tomado conta de todos atualmente, levando a concluir que qualquer catástrofe natural tem a mão do homem, através das indústrias. Furacões, inclusive mais intensos, sempre nos acompanharam, mas eis que agora o homem é seu causador!

Desastres naturais sempre acompanharam a humanidade. No entanto, a capacidade do homem em inovar, criar mecanismos de proteção e usar as calamidades como novas oportunidades parece infindável. 

Ou seja, enquanto os ecoterroristas preferem culpar a indústria e, portanto, o capitalismo pelos desastres, eis a dura realidade: é o capitalismo que salva essas vidas todas! São nos lugares sem progresso capitalista que vemos mais mortes. Eles morrem justamente pela pobreza, pela falta de infraestrutura, pela ausência de equipamentos modernos que podem antecipar o desastre e alertar a população.

O Matthew matou cerca de mil pessoas no Haiti, e há o relato de somente uma pessoa morta na Flórida. A gritante diferença não pode ser explicada apenas pela intensidade do furacão ao atingir cada local. A principal diferença está mesmo na riqueza. E esta, quem permite é o capitalismo. Quem se coloca contra o capitalismo liberal, pedindo mais controle estatal sobre tudo (socialismo), sob o pretexto de cuidar da ameaça ambientalista, está na verdade jogando contra as potenciais vítimas desses desastres naturais.

É muito triste ver a tragédia no Haiti, e é bonito ver o esforço da solidariedade de milhares de pessoas, sendo os americanos, como de praxe, os mais solidários. Mas o verdadeiro inimigo não é o furacão. Este vai sempre existir, é parte da natureza. O alvo deve ser a pobreza. E essa se combate com a receita capitalista. É o capitalismo que pode salvar vidas, inclusive desses “monstros” como o Matthew. Quer salvar vidas? Então defenda o capitalismo!

Rodrigo Constantino

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