Dizem que quem não foi socialista aos 20 anos não tem coração, e quem é aos 40 não tem cérebro. Confesso: não tive coração então. Estou com 40 e certamente não sou socialista, estando mais para seu extremo oposto. Mas já era liberal capitalista aos 15, aos 20 anos. Nunca flertei com essa ideologia coletivista nefasta, e entendi bem cedo que meu professor de História era um recalcado invejoso ao atacar os empreendedores que criam riquezas e empregos.
Mas como a esquerda tenta monopolizar as virtudes e acusar a nós liberais de insensíveis, precisamos fazer um esforço para não desapontá-la. Por isso tento ser o mais frio possível em público. Não queremos decepcionar nossos detratores, até porque sem esses rótulos não lhes resta mais nada.
Não foi possível, porém, conter a emoção durante o IV Fórum Liberdade e Democracia em Vitória na segunda-feira passada. Os olhos marejaram e a garganta secou quando vi Mateus, um garoto com apenas 13 anos e de família humilde, revelando que decidiu estudar economia com viés liberal após ler um de meus livros, Economia do Indivíduo, sobre a Escola Austríaca. Fiquei tocado e a armadura veio abaixo. Eis sua fala:
Esse tipo de coisa é o que nos move! As recompensas intangíveis de nosso trabalho, de nosso esforço, de nosso grande sacrifício pessoal são o que mais justificam tudo isso. Muitas vezes, pela paixão, deixamos as preocupações mais comezinhas de lado e embarcamos numa cruzada pelo que acreditamos, mesmo a um elevado custo pessoal.
Como muitos sabem, eu atuei por vários anos no mercado financeiro. Sem dúvida poderia ganhar muito mais dinheiro se tivesse permanecido nessa área. Mas tive um “chamado”, e não me arrependo. Tenho uma ótima qualidade de vida, sem dúvida, mas é irônico ser acusado pelos esquerdistas gananciosos de só pensar em dinheiro, por ser um defensor do capitalismo. É pura projeção!
Não me levem a mal: o “vil metal” não é pecado algum, algo que só um esquerdista milionário poderia dizer, por desprezar o que ele representa na prática, a recompensa tangível de algum valor agregado para a sociedade, por julgamento da própria sociedade. Mas sem dúvida dinheiro não é tudo. E no decorrer de minha vida pude perceber que são justamente os liberais e conservadores que costumam pensar assim, enquanto os materialistas “igualitários” só pensam “naquilo”.
Por isso resolvi compartilhar com o leitor esse momento que foi tão marcante para mim, tão emocionante. Aos 13 anos eu só queria saber de namorar e me divertir. Ver alguém com essa tenra idade querendo estudar economia, e ainda por cima com viés liberal, por ter lido um livro meu, isso é demais da conta. Mantém a chama da esperança num Brasil melhor acesa, viva. Não tem preço!
Aproveito para apresentar ao leitor o ótimo trabalho do Instituto Ponte, que pega esses jovens promissores, mas sem condições materiais, e os incentiva a buscar seus sonhos, fornecendo amparo para tanto. Falar em igualdade de oportunidades é mais fácil do que efetivamente lutar por isso. A esquerda prega apenas mais recursos públicos nesse sistema fracassado de educação que temos. O instituto usa recursos privados para “empoderar” essas crianças e permitir que estudem em escolas particulares, de melhor nível. Eis um resumo de seu trabalho:
São iniciativas como esta que fazem a diferença. É preciso parar de acreditar que o governo é a solução para tudo. Normalmente ele fará parte do problema. É possível inspirar, fomentar os jovens carentes em busca de seus sonhos, com os pés no chão, com recursos privados e a dedicação voluntária de gente decente. Espero que, como o Mateus, muitos outros resolvam estudar para ser alguém no futuro, para fazer a diferença, para ajudar na construção de um país melhor e mais livre.
Nem todos ficam por aí se vitimando, demandando privilégios estatais. São esses que arregaçam as mangas e fazem acontecer que merecem nosso respeito e admiração. Fico muito honrado de ter dado uma singela contribuição na vida desse garoto. Às vezes não temos a exata noção da influência que podemos ter, para o bem e para o mal, na vida dos outros. Que tenhamos a responsabilidade de sempre lutar para ser uma referência positiva e, com isso, deixar um mundo melhor do que aquele que encontramos.
PS: Após a fala de Mateus, claro que fui conversar com ele, e lhe ofereci gratuitamente meu curso online “Bases da Economia“, para que ele possa se aprofundar nos temas de seu interesse. Espero que, com isso, Mateus já possa dar aulas a certos doutores da Unicamp, apesar de sua pouca idade.
Rodrigo Constantino
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