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O revisionismo histórico avança sobre a ponte
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Já mudaram até escola na Bahia, tirando nome de militar e colocando o de terrorismo comunista. Agora os revisionistas da história resolveram brigar com a Ponte Rio-Niterói, ou Ponte Costa e Silva, nome oficial.

A falta do que fazer, a obsessão pela vitimização da esquerda no passado, a seletividade hipócrita que simula ser contra ditaduras, tudo isso demonstra apenas o autoritarismo dessa turma.

Carlos Andreazza, editor da Record e neto de Mario Andreazza, detonou esse pessoal em um artigo publicado no GLOBO de hoje. Recomendo a leitura na íntegra e sinto orgulho de ter um editor com a coragem de colocar os pingos nos “is” e esfregar a hipocrisia na cara da esquerda revisionista. Diz ele:

Afinal, bicheiros, traficantes, mensaleiros, milicianos e assassinos de mais de 50 mil brasileiros por ano — tudo isso é passado, vencido, superado, miragens que só possuem materialidade na percepção histérica da classe média manipulada, claro, pela mídia golpista. O perigo — apontam os diligentes revisores do Ministério Público — está nos monumentos, nas placas das ruas, avenidas e estradas, nas fachadas de escolas do interior, em qualquer poste que leve o nome de um militar de 1964, de um ditador daquele período proibido.

Mas, atenção!, só daquele — apenas daquele intervalo desgraçado entre 1964 e 1985. No Brasil, também se é seletivo com tiranos. Porque há, tão fofos, os nossos ditadores de estimação. (E não falo nem do amor pátrio por assassinos estrangeiros — e em atividade — como Fidel Castro). Ou não teremos aí o nosso querido Getúlio Vargas, brasileiríssimo, o “pai dos pobres”, homem cruel, vil, perseguidor, golpista, torturador, no entanto a nomear de goleiro a fundação, passando por uma das mais importantes vias urbanas do país?

Idolatrar o maior tirano assassino da história da América Latina, o senhor feudal Fidel Castro, proprietário de uma ilha caribenha com 11 milhões de escravos, isso pode. Idolatrar Getúlio Vargas, pois, afinal, criou leis trabalhistas demagógicas (que acabam prejudicando os pobres, mas levando ao delírio a esquerda caviar), isso pode. Mas elogiar alguma coisa – qualquer coisa! – do regime militar brasileiro, isso é pecado mortal.

A não ser, claro, que venha das próprias lideranças esquerdistas tal elogio, como já aconteceu algumas vezes. Geisel em especial costuma ser admirado pela esquerda nacionalista, pois criou inúmeras estatais. A esquerda tem o monopólio da virtude e pode fazer concessões seletivas. Os demais, não. Afirmar que algumas coisas pioraram desde aquele tempo é ser cúmplice das torturas nos porões da ditadura!

Andreazza toca no ponto-chave quando diz: “Celebremos e fortaleçamos a democracia, mas sem jamais nos esquecermos de que o autoritarismo não é exclusividade das ditaduras”. Exato. Quantos regimes “democráticos” não são tão ou mais autoritários do que certos regimes militares? A liberdade, em termos gerais, é maior na Venezuela de hoje ou no Chile de Pinochet? É maior na Argentina atual ou em Cingapura?

Votar de 4 em 4 anos em urnas eletrônicas suspeitas num sistema político centralizado não é garantia alguma de ampla liberdade. Devemos atentar sempre para o risco de autoritarismo estatal, independentemente do sistema vigente. Há monarquias na Europa bem mais livres do que certas “democracias” populares latino-americanas. O populismo não é exclusividade de regimes militares.

O problema, como o autor coloca no começo do texto, é mais cultural do que eleitoral. Há um projeto de deseducação em curso, e hoje só se “pensa” em manada, em bando, em patrulha. Esse clima asfixia a reflexão crítica e a liberdade de pensamento e expressão. Com receio de ser associado ao regime militar ou à “direita”, muitos se calam, são coniventes com atrocidades e mentiras.

Como a de que essa esquerda no poder lutava pela democracia e liberdade nos anos 1960. Nada mais falso! Eram comunistas que sonhavam com o modelo cubano – e muitos sonham até hoje. Ou então, com pânico de ser visto defendendo bandeiras de direita, muitos adotam o discurso oficial de que tudo é melhor hoje, uma evidente mentira.

Alguns se recusaram, por exemplo, a criticar as “manifestações” dos vândalos mascarados só porque isso era postura da direita. Artur Xexéo reconheceu isso na CBN hoje, lamentando tal covardia. Mas é o resultado da hegemonia de esquerda presente em nosso país hoje, em boa parte devido ao revisionismo histórico, ao monopólio da virtude e à demonização de tudo que se passou entre 1964 e 1985.

A troca do nome de uma simples ponte pode parecer algo inócuo, sem importância. Mas é o símbolo dessa mentalidade vigente e autoritária. Alguns “democratas” sonham com um poder que muitos reis considerariam impensável.

Rodrigo Constantino

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