Por Erick Silva, publicado pelo Instituto Liberal
Na última quinta-feira (29/11), o Brasil acordou com uma notícia surpreendente: o governador do estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), foi preso, no exercício do mandato, no Palácio Laranjeiras, sede do governo estadual. A ação se deu através da Operação “Boca de Lobo”, desdobramento da Operação Lava-Jato. Como consta na matéria da Revista Veja:
Na ação, a Procuradoria-Geral da República disse que o governador integra o núcleo político de uma organização criminosa que cometeu vários crimes contra a administração pública, com destaque para corrupção e lavagem de dinheiro. O político do MDB foi alvo de delação premiada de Carlos Miranda, suspeito de ser operador financeiro de esquemas de seu antecessor, Sérgio Cabral, de quem foi vice-governador.
O delator acusou Pezão de receber mesadas de 150 mil reais entre 2007 e 2014, na época em que Pezão, então vice, era secretário de obras do governo estadual. De acordo com a PGR, os valores somariam mais de 25 milhões de reais no período, enquanto durou o mandato do ex-governador, preso desde novembro de 2016 — atualizado, o montante chega a 39 milhões. Os repasses, segundo a delação, continuaram quando Cabral passou o comando do estado a Pezão.
No pedido de prisão preventiva ao STJ, a procuradora-geral Raquel Dodge argumentou que Pezão poderia dificultar a recuperação dos valores, além de ocultar o patrimônio adquirido em decorrência da prática criminosa. Ela vai conceder uma entrevista coletiva, prevista para as 9h, com mais informações sobre a operação.
De fato, um caso assombroso. Mais assombroso ainda é o fato de que, dos cinco governadores que o Rio de Janeiro teve nos últimos 20 anos, quatro foram presos: Além de Pezão, os ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho tiveram passagens na polícia e Sérgio Cabral atualmente cumpre pena de 183 anos de prisão por vários crimes, como corrupção, formação de quadrilha e pertinência à organização criminosa em obras realizadas com recursos federais como o Arco Metropolitano, PAC das Favelas e Linha 4 do Metrô.
A história não para por aí. Além dos governadores, encontram-se presos dois ex-presidentes da Alerj (Jorge Picciani e Paulo Melo, ambos do MDB), nove deputados estaduais, dois ex-presidentes do Detran (Vinicius Farah do MDB e Leonardo Silva Jacob) e o ex-procurador geral Cláudio Lopes.
Esses fatos mostram uma condição curiosa e que me leva à seguinte ideia: caso uma pessoa queira saber o porquê de o Brasil estar em uma situação difícil, basta olhar para o estado do Rio de Janeiro. O estado fluminense é o perfeito retrato, em forma de miniatura, do nosso país. Trago algumas comparações.
Passado: as histórias do Rio e do Brasil chegam a se confundir, pois a Cidade Maravilhosa foi a capital do país até 1960. Tanto o Rio quanto o Brasil tiveram um passado glorioso: o país nos tempos do Segundo Reinado de D.Pedro II e o estado quando sediava a capital. Ambos chegaram a servir de modelo para outros países: o Brasil era bastante elogiado por países até então emergentes como os EUA e grandes potências como a Grã-Bretanha; o Rio capitaneava o país, financeira e culturalmente: era o símbolo de orgulho do Brasil.
Decadência: o Brasil declinou gradativamente ao longo dos anos. Um país que tinha tudo para se tornar desenvolvido foi prejudicado por sucessivos governos desastrosos, crises financeiras, casos de corrupção desenfreada e planos econômicos desastrosos, algo que lembra exatamente os motivos que levaram o Rio a perder o protagonismo do Brasil para São Paulo e enfrentar uma profunda crise econômica, educacional, crise nas áreas de saúde e segurança e uma crise moral.
Sim, moral; um fato que causa semelhança entre o Rio de Janeiro e o Brasil é justamente a crise moral. Os cidadãos não se sentem mais representados por seu estado ou país. A cultura e a história são negligenciadas, mal protegidas e mal administradas. Prova mais contundente disso é o incêndio do Museu Nacional, uma tragédia inesquecível que apagou a nossa história, a nossa cultura, e derrubou ainda mais a autoestima do brasileiro e do fluminense. O futebol e o carnaval, outrora motivos de alegria dos cidadãos, enfrentam problemas agudos. O futebol brasileiro vem atravessando problemas estruturais há anos, graças à gestão incompetente e retrógrada da CBF. O carnaval carioca, que atravessou períodos de glória máxima, enfrenta uma grande crise, com a perda de patrocínios e o descrédito depois do controverso resultado de 2018, crise que se agrava nas escolas de níveis inferiores, que correm o risco de não desfilar – resultado de anos de gestões incompetentes e retrógradas da LIESA (que até hoje utiliza o Fax!) e da falta de conhecimento de gestão de boa parte dos organizadores.
O Rio de Janeiro e o Brasil são vítimas da velha política. A velha política que saqueou, destruiu, prejudicou o estado e a nação que um dia foram imponentes. Em 2018, o Rio de Janeiro escorraçou a quadrilha MDBista do governo, o símbolo maior da velha política podre do estado; enquanto o Brasil impediu a volta daqueles que saquearam o país (o PT). 2019 será um ano de mudanças na política brasileira e fluminense. Que sejam mudanças melhores, para o bem dos fluminenses e brasileiros.
Fontes para a elaboração do artigo:
https://veja.abril.com.br/
https://ultimosegundo.ig.com.
Sobre o autor: Erick Silva é graduando em Administração pela UFRRJ.
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