Se o Brasil cansa, o meu querido Rio de Janeiro cansa em dobro. Costumo dizer que o Rio é o Brasil com beta alavancado, ou seja, se o jeitinho é brasileiro, o Rio é a capital nacional dessa malandragem. Somos um experimento social fracassado, que confunde ser desorganizado e bagunçado com ser descolado. E quando o assunto é política, isso tudo se reflete de forma assustadora. Como o carioca vota mal!
Mas dessa vez há um nome que exala confiança e seriedade, em meio a tantos bandidos e oportunistas. Enquanto o PT apresenta uma “filósofa” que entende a “lógica do assalto” e faz longas digressões sobre o ânus, enquanto ainda temos que aturar um Garotinho insistindo na vida pública apesar de condenação em segunda instância por “formação de quadrilha”, enquanto ainda temos Eduardo Paes, que incorpora com perfeição esse lado “malandro” do carioca quando liga para Lula e o “sacaneia” pela péssima escolha do sítio recebido como propina e aproveita para detonar Maricá, eis que surge Marcelo Trindade, advogado, ex-presidente da CVM, representante do Novo.
Em entrevista ao GLOBO hoje, Trindade defende a visão liberal de estado que o partido tem apostado, explica que vai negociar com a Alerj com base pragmática e sem toma-lá-dá-cá, e alega estar velho demais para não ser novo na política, ou seja, seu caráter já está formado de maneira definitiva, ele não precisa sucumbir ao velho estilo de “fazer política” (até porque tem um patrimônio declarado superior a R$ 80 milhões, conquistado de forma lícita na iniciativa privada). Eis alguns trechos:
Vamos fazer uma onda, um tsunami que vai arrebatar essas eleições. Você faz corpo a corpo e vê as pessoas cruzando o braço para não receber teu panfleto. Aí eu digo: “Nunca fui político”. E a pessoa pega, olha. A ideia do Novo de um Estado menor, que faça o necessário para que os recursos cheguem mais diretamente à população, também toca o coração das pessoas.
[…]
Caso eu seja eleito, algo bastante diferente aconteceu. Pois um candidato de um partido desconhecido ganhou as eleições do segundo estado da federação. Será o sopro de um vento muito forte, e ele não aconteceria só na majoritária. Outros quadros de renovação seriam eleitos. E o Novo negociará de forma pragmática, apoiado até por membros de outros partidos que entendam essa mudança. Em segundo lugar, político sabe ler eleitor, sabe ler voto. E isso trará uma força de negociação política. Além de ser preciso acabar com essa política de toma lá, dá cá, de que tudo tem que ser aprovado por uma compensação. É preciso negociar e ouvir a sociedade.
[…]
O Novo propõe que o Estado faça o mínimo que tem de fazer. Nas demais atividades, deve conceder para a iniciativa privada atuar sob supervisão estatal. Você precisa de regulação adequada. A CVM tem cinco diretores, e com mandatos alternados. Cada ano muda só um. A cultura da casa prevalece sobre a dos governos.
[…]
A nossa proposta é levar transporte intermunicipal rodoviário, que é competência do estado, para a Agetransp e mudar a sua governança. Vamos fazer um enorme programa de concessão à iniciativa privada. Mas é preciso ter agência reguladora direta. Não basta privatizar. Tem que privatizar tudo e supervisionar direito.
Trindade representa uma lufada de ar na asfixiante política fluminense, assim como João Amoedo, candidato a presidente pelo Novo, representa o mesmo para o Brasil. Seriedade, sucesso na vida pregressa na iniciativa privada, bandeiras liberais de redução do estado e mais liberdade individual, propostas concretas sem demagogia ou populismo.
Resta saber se o Brasil está preparado para tanto, e se o Rio vai aproveitar essa oportunidade. Afinal, o populismo tem um passado glorioso e um futuro ainda promissor em solo tupiniquim. Especialmente no estado onde há malandro demais para otário de menos…
Rodrigo Constantino
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