Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal
A partir de hoje e durante algumas semanas, muito se discutirá sobre a existência de tantos jovens desalentados no país. Infelizmente, muito poucos apontarão o dedo para uma das principais causas desse grave problema social: o salário mínimo (e não me refiro apenas ao SM nacional, mas também, senão principalmente, ao SM das várias categorias profissionais, que é ditado por sindicatos e conselhos de classe).
De acordo com a boa teoria econômica, quanto maior o preço de um produto ou serviço, menor a procura por ele e maior a oferta. Resumidamente, quando o salário mínimo aumenta, os empresários demandarão menos mão de obra inexperiente e desqualificada, ao mesmo tempo em que alguns profissionais mais qualificados começarão a achar interessante aquele salário.
Se um aumento do SM de fato melhora a vida de alguns trabalhadores, esse aumento ocorre à custa de outros trabalhadores, que veem seu salário reduzido a zero. Em outras palavras, o SM pode ser ótimo para quem está empregado, mas, na maioria das vezes, é péssimo para quem está fora do mercado de trabalho.
As pessoas costumam pensar no SM como uma forma de evitar que empresários gananciosos contratem trabalhadores abaixo de determinado salário. A realidade, porém, é que ele impede também os trabalhadores de vender seu trabalho pelo valor que ele vale no mercado. O SM pode ser, portanto, a diferença entre um salário ruim e nenhum salário.
Infelizmente, dizer isso tornou-se quase uma heresia. Por isso, é tão difícil fazer políticos, não raro demagogos e populistas – além da maioria das pessoas pouco acostumadas aos argumentos muitas vezes contra-intuitivos da ciência econômica – entenderem isso.