Muito alarmismo foi disseminado por conta do Brexit, e é inegável que o governo de Theresa May não foi capaz de costurar um acordo de saída ainda, mostrando que a coisa é realmente complexa. Mas será que tanto pessimismo se justificava? Falavam em milhares e milhares de empregos se perdendo no Reino Unido. O que temos até agora?
A Honda decidiu fechar uma fábrica e anunciou a demissão de 3.500 pessoas. Algo similar ao que fez a Ford no ABC, no Brasil. Imediatamente os defensores da permanência do Reino Unido na União Europeia culparam o Brexit pela decisão. Mas a própria empresa deixou claro que nada teve a ver com isso, e sim com outros fatores, como concorrência global e a tendência de carros elétricos.
A revista britânica The Spectator da semana passada comentou o caso em seu editorial, e lembrou que o desemprego feminino está em seu mais baixo nível histórico no país. As dificuldades pelas quais o setor automotivo passa no mundo todo não teriam ligação alguma com o Brexit. A Honda também anunciou o encerramento de atividades de uma fábrica do Civic na Turquia.
444 mil empregos foram criados ano passado no Reino Unido: algo como 1.200 por dia! Economistas tentam explicar o fenômeno, ainda mais quando se lembra que chegaram a falar na perda de 500 mil empregos com o Brexit. A Inglaterra tem um problema de falta de trabalhadores hoje, não excesso. As negociações para o Brexit foram um fiasco até aqui, mas a sensação de pânico na política não se reflete na economia real, que vai bem. A taxa de desemprego está apenas 4%, a menor desde 1975.
A economia britânica, portanto, vai bem, mesmo com o Brexit travado. O que deveria preocupar mesmo, muito mais do que sair da União Europeia – que não é o mesmo que sair da Europa nem da globalização – é o avanço de uma esquerda radical e antissemita, liderada pelo socialista Jeremy Corbyn. Uma vitória do trabalhista radical sim, seria o caos para os ingleses.
Rodrigo Constantino
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