Assisti nesta sexta o filme “Manchester à Beira-Mar”, com Casey Affleck, o Affleck que sabe atuar, ao contrário de seu irmão Ben. Em uma palavra: arrebatador. Em outra palavra: sublime. E uso o termo aqui no conceito dado por Edmund Burke em sua Investigação Filosófica Sobra a Origem de Nossas Ideias do Sublime e da Beleza.
Para Burke, a beleza incita paixões positivas, enquanto que o sublime é o deleite que temos em contato com o terrível, com a dor. Ele explica melhor:
O que quer que de alguma forma seja capaz de excitar as ideias de dor e de perigo, ou seja, tudo o que for terrível de alguma forma, ou que compreenda objetos terríveis, ou opere de forma análoga ao horror é fonte do sublime; ou seja, é capaz de produzir a emoção mais forte que a mente é capaz de sentir. Digo que é a emoção mais forte, porque acredito que as ideias de dor são muito mais poderosas do que as que são introduzidas pelo prazer.
E quanta dor alguém é capaz de suportar na vida? O personagem de Casey Affleck, Lee Chandler, é colocado à prova (atenção, com SPOILER, apesar de eu ter antecipado o que aconteceria antes de saber): num ato de negligência banal, após ter bebido muito e cheirado cocaína com os amigos, ele ateia fogo em sua própria casa enquanto sai para comprar mais cerveja. Seu destino muda para sempre. Acidente? Ninguém é capaz de convencê-lo disso. “Shit happens”? Talvez. Mas a culpa é absoluta.
Leia o texto na íntegra aqui.
Rodrigo Constantino
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