Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal
Na sociologia a referência básica sobre o tema é Durkheim, e na economia Hamermesh e Soss.
Cabe notar que alguns estudiosos também identificam “epidemias” de suicídio em algumas áreas e momento histórico. Nos estudos que fiz sobre o tema, essas epidemias podiam ser localizadas entre alguns grupos específicos: indígenas são um exemplo claro disso. Outro exemplo são jovens que compartilham determinadas características e moram na mesma comunidade que passa por mudanças drásticas (o exemplo aqui são guetos pobres ou as antigas repúblicas socialistas quando do colapso da União Soviética).
Uma contribuição importante de nosso estudo foi ressaltar o papel da mídia nos suicídios. Existe uma regra implícita de que a imprensa não deve noticiar casos de suicídio. Contudo, no mundo atual, existem diversas mídias sociais (facebook, blogs, páginas da internet, WhatsApp) onde essa regra não é seguida. Nós construímos um índice de mídia e mostramos, por meio de um exercício econométrico, que a maior integração proporcionada por mídias alternativas é um fator que impacta positivamente o suicídio. Isto é, a divulgação de suicídios, e de métodos de suicídio, aumenta a probabilidade de ocorrência de novos suicídios. Esse é um resultado importante, pois nos mostra um lado negativo do acesso a meios midiáticos.
Para os jovens existem três grandes fatores de impacto sobre sua probabilidade de cometer suicídio: o desemprego, a violência, e o acesso a redes sociais (mídia). Problemas de saúde também tem impacto grande na taxa de suicídio. Importante destacar que a taxa de suicídio entre homens é bem superior a de mulheres. No Brasil atual, com pesadas taxas de desemprego entre os jovens, alarmantes índices de violência juvenil, e acesso a redes sociais, não é de se estranhar a recente atenção que a mídia tradicional vem dando ao tema.
Infelizmente tem gente que tenta adocicar essa tragédia chamada de suicídio (caso específico da série 13 reasons why). O suicídio de um jovem não é um ato de romance, é um ato de desespero. Um jovem que se mata não pedia por romantismo, mas sim por atenção e ajuda. É difícil argumentar sem dados (já faz algum tempo que não acompanho as estatísticas), mas tenho a impressão de que o Brasil passa por uma epidemia de suicídios. O jogo “Baleia Azul” e as mídias sociais trouxeram a tona um problema que já era sério no Brasil.
Suicídio é o ato último de desespero, é um grito de alguém que implora por socorro. Não há nada de romântico nisso. Se você precisa de ajuda procure seus amigos, sua família, ou ajuda profissional. No Brasil, o Centro de Valorização da Vida pode ajuda-lo caso você precise de alguém para compartilhar e aliviar seu sofrimento e desespero.
Suicídio entre pessoas jovens é a expressão de um sofrimento grande, não menospreze os sinais (tristeza, melancolia, depressão, mudanças bruscas de humor, ferimentos auto infligidos no corpo, entre outros); converse sempre com quem você ama! A vida é nosso presente mais sagrado, não romantize o suicídio!
Junto com co-autores escrevi dois textos sobre suicídio:
1) LOUREIRO, P. R. ; MOREIRA, T. B. ; SACHSIDA, A. “Does the effect of media influence suicide rates?”. Journal of Economic Studies (Bradford), 2014.
2) LOUREIRO, P. R. ; MENDONCA, M. J. C. ; MOREIRA, T. B. ; SACHSIDA, A. “An econometric investigation of suicide in Brazil”. European Journal of Scientific Research, 2015.
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