Como alguém que vinha reclamando há anos do “departamento de marketing” dos liberais e conservadores, só posso festejar a quantidade de páginas pipocando por aí com viés de direita e que demonstram habilidade em divulgar nossos valores com humor, agilidade, sagacidade e até muita “zuêra”. Essa estratégia seduziu muito mais gente para o lado de cá da cerca ideológica, deixando os militantes de esquerda desnorteados.
Eles tiveram o monopólio cultural por muitas décadas, dominaram a imagem de leveza e humor, transformando toda direita em algo caricato, sisudo, raivoso. No fundo, era a própria esquerda a raivosa nessa história, mas como dizem certos marqueteiros, “imagem é tudo”. E só a esquerda tinha essa imagem de bondosa e engraçada.
Não mais! Vemos várias páginas com humor escrachado tendo a esquerda como alvo. Vemos artistas criando músicas com mensagem liberal e conservadora. Vemos coisas como Bolsonaro Zuero, que rivaliza com a tentativa de pintar o deputado como um sujeito repleto de ódio no coração. E tudo isso, que é novidade, pegou a esquerda de surpresa.
É o tema desse artigo de Paulo Briguet hoje, mostrando como os militantes esquerdistas “andam mais perdidos que cebola em salada de fruta”. Seguem alguns trechos:
Eles não estavam preparados para a direita que surgiu. Por isso estão desnorteados, perplexos, sem ação, deprimidos.
Eles esperavam uma direita que fosse tudo, menos inteligente, espirituosa e divertida. Nunca sonharam que pudesse existir algum dia uma direita “zuêra”, que conta boas piadas e maneja as armas da ironia. Jamais contariam com uma direita que unisse o bom humor à seriedade de propósitos.
Eles não imaginavam uma direita que iria romper com os monopólios da esquerda na cultura, nas artes, nos direitos humanos, na universidade.
Eles esperavam uma direita cheia de ódio; veio uma direita com amor ao próximo. Eles esperavam uma direita hipócrita; veio uma direita sincera. Eles esperavam uma direita pesada; veio uma direita ágil. Eles esperavam uma direita truculenta; veio uma direita civilizada. Agora eles não sabem direito o que pensar.
Vale a pena ler o texto na íntegra. A caricatura do direitista frio que explora os pobres foi por água abaixo, e hoje cada vez mais gente se dá conta de que é o sindicalista de esquerda quem abusa dos trabalhadores humildes, o político socialista quem explora os mais pobres.
Em termos de cultura, a esquerda ficou totalmente para trás também. Talvez as décadas de hegemonia levaram à preguiça, e quem estuda hoje, quem se instrui de verdade, é a direita, lendo filósofos, pensadores de todo tipo, literatura etc. A esquerda escolheu o relativismo estético e a subversão da arte, enquanto a direita escolheu valorizar a beleza, aquilo que é eterno em vez de efêmero.
Os típicos caciques políticos dos partidos fisiológicos sempre foram tachados de ícones da direita por essa esquerda canalha, mas a tática ficou insustentável à medida em que essa nova direita passou a descascar esses políticos também, sem “bandido preferido”, sem se dizer representada por gente do PMDB, do PSDB ou do DEM, que só são direita para os ignorantes.
Briguet conclui: “O que eles mais queriam era ter de volta a direita antigona, a direita bronca, a direita das caricaturas. Mas essa direita só existe nos sonhos da esquerda. A direita-espantalho não existe mais — e agora os militantes não sabem direito o que pensar, nem o que fazer. O jeito é redigir uma nota de repúdio e chorar na rede social”.
E mesmo assim, não tem problema: nós vamos beber essas lágrimas em canecas divertidas, transformar o limão em limonada, receber o chororô com mais riso ainda. Aceitem que dói menos…
Rodrigo Constantino
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