Os Estados Unidos nunca tiveram dois candidatos tão fracos disputando a vaga ao cargo mais poderoso do planeta. Isso já era visível, mas ficou ainda mais durante o primeiro debate ocorrido esta semana entre os dois. É verdade que debates são shows para indecisos, e tudo que importa é a “linguagem corporal”, a aparência de “presidenciável”. Mas mesmo assim foi assustador.
Não há substância alguma, proposta razoável, aprofundamento de ideias. Se Trump se limita a repetir slogans como “fazer a América grande novamente”, Hillary não fica atrás: posa de defensora dos pobres e das “minorias oprimidas” contra os ricos da elite branca, sendo ela uma multimilionária loira de olhos azuis que navega pelo poder há décadas. É sensacionalismo de um lado, demagogia do outro.
Se Trump achou um bode expiatório para os problemas americanos – a globalização – e apresenta sua milagrosa receita – o mercantilismo ultrapassado –, Hillary também tem o inimigo certo – as elites ricas – e puxa da cartola receita igualmente fantástica – taxar mais os ricos para sua “justiça social”. É protecionismo nacionalista de um lado, marxismo tosco do outro. Narcisista bufão num canto, mentirosa contumaz no outro.
Os conservadores tradicionais estão tendo muita dificuldade em apoiar Trump. Não é só seu estilo que incomoda: são também suas ideias. Para quem já teve Reagan como presidente e Mitt Romney como candidato, é um pouco desesperador ter de ir com Trump. Ele faz de tudo para se colar na imagem de Reagan, mas, em que pese alguma semelhança – ambos eram ridicularizados pela mídia e pelos intelectuais –, as diferenças são gritantes.
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Rodrigo Constantino
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