“O segredo do agitador consiste em parecer tão idiota quanto seus ouvintes, de modo que eles acreditem ser tão inteligentes quanto ele.” (Karl Kraus)
Os brasileiros vão achar graça nisso, mas os americanos levam muito a sério a tradição republicana de que o ex-presidente não deve se manifestar sobre as políticas do seu sucessor. É uma postura elegante, civilizada e, acima de tudo, republicana, de respeito às regras do jogo. E trata-se de uma postura que vem sendo mantida desde Jimmy Carter, o bobão que rivaliza com Obama em pusilanimidade e mediocridade em termos de resultados de gestão.
Pois bem: até nisso Obama resolveu disputar com Carter, e pelo visto venceu! Em apenas dez dias de novo governo, o ex-presidente já emitiu um comunicado, por meio de seu porta-voz Kevin Lewis, claramente condenando o banimento temporário de imigrantes do governo Trump. Fez isso de forma “indireta”, sem citar o nome, e “insinuando” que o banimento seria por preconceito religioso.
É Obama colocando sua paixão pelo Islã acima dos valores republicanos que fizeram da América o que ela é: terra da liberdade. Como até mesmo a jornalista da CNN (também conhecida como Clinton News Network) precisou reconhecer, após “compreender” o desrespeito de Obama pela tradição, o próprio ex-presidente havia elogiado a postura de Bush quando assumiu o governo, já que o republicano ficou totalmente de fora da política, sem se manifestar sobre as decisões do novo ocupante da Casa Branca.
Os brasileiros, como eu disse, acham estranho tanto barulho por “nada”, pois estamos acostumados com um fanfarrão como Lula, que jamais saiu do palanque, que nunca parou de fazer política com p minúsculo, sem se preocupar com nossas instituições republicanas. Mas americanos levam isso muito a sério, e essa é uma das tantas diferenças entre os dois países, entre uma República com R maiúsculo e uma republiqueta das bananas.
Ao se colocar claramente ao lado daqueles que têm se manifestado contra as medidas de Trump, Obama demonstra ser apenas um agitador de massas, o que ele sempre foi em Chicago, sob o eufemismo de “community organizer” (uma espécie de líder sindical para nós). Nunca esteve à altura do cargo que ocupou por oito anos. Disse que manteria uma postura de respeito, como Bush no seu caso, mas não conseguiu se segurar, não foi capaz de ficar em silêncio. O palanque está em seu DNA, como no caso de Lula, quem ele chegou a considerar “o cara”.
Uma lástima essa manifestação de Obama, que serve para jogar mais lenha na fogueira. Mas não chega a surpreender. O homem sempre foi um fiasco, a despeito de toda a propaganda enganosa e culto à personalidade por parte das celebridades e imprensa. É apenas mais uma bola fora, entre tantas outras…
Rodrigo Constantino
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