Achei engraçado acompanhar na imprensa brasileira a denúncia que Donald Trump fez, de que pode ter sido grampeado pelo governo Obama durante a campanha. O presidente chegou a pedir uma investigação do Congresso, comparando o caso com o Watergate, que levou Nixon a renunciar. Mas nossa imprensa foi quase unânime em tratar a coisa como ridícula.
Os “jornalistas”, quando davam a notícia (porque não poderia ser simplesmente ignorada), faziam questão de enfatizar, quase gritando ou então rindo, que Trump não apresentou nenhuma prova do que disse, e deram claramente a entender que tudo não passava de uma estratégia de dispersão, já que Trump está envolto no “escândalo” de encontros entre seus assessores e embaixadores russos (algo que vários democratas fizeram durante o governo Obama, mas hoje negam, como Nanci Pelosi e outros fizeram).
Ora bolas: e o governo Obama não foi acusado de vários casos de espionagem indevida? E isso não virou notícia no Brasil? E quando a “presidenta” Dilma foi supostamente alvo dessa prática, pelo visto tão comum na gestão do “camarada” Obama, o próprio GLOBO não deu a notícia como se fosse um abuso de poder, uma intromissão indevida, acreditando nos vazamentos da Wikileaks?
Alexandre Borges ironizou: “Quando era com a Dilma, a Globo acreditava”. Hoje, o grupo faz de tudo para tratar da denúncia de Trump como a coisa mais patética do planeta, estratégia para confundir ou desviar o foco de seus problemas, encarando a hipótese em si de alguém como Obama mandar espionar ninguém menos do que seu maior adversário político como um absurdo risível (sim, Chico Pinheiro não conseguiu segurar o riso ao falar do caso). Guilherme Fiuza também apelou para o sarcasmo em seu Twitter:
Só rindo mesmo! Obama é sempre protegido, Trump é sempre demonizado. O duplo padrão é simplesmente escancarado demais. A mídia se tornou torcedora, partidária, “fake news”. Em vez de tratar com um mínimo de imparcialidade e seriedade a acusação gravíssima feita por Trump, ela prefere tratar o presidente como um palhaço embusteiro, já que Obama estaria muito acima de suspeitas, por ser um poço de seriedade e honestidade. Não é mesmo?
Rodrigo Constantino
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