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Em apenas alguns minutos de fala – e se Obama é bom em alguma coisa, é justamente no uso da palavra – o ex-presidente americano vai embolsar mais do que recebia num ano inteiro de intenso trabalho na Casa Branca (quando não estava jogando golfe ou fechando negócios camaradas com o regime opressor iraniano, claro). De acordo com a Fox Business Report, Obama ganhará $400 mil por uma única palestra em setembro. E o pagador é justamente a turma que costumava ser criticada pelo então presidente: banqueiros de Wall Street.

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O democrata, rei da retórica, será o principal palestrante num almoço organizado por Cantor Fitzgerald LP, um banco de investimento de porte médio em Nova York. O time de Obama ainda não confirmou sua presença, e o anfitrião está finalizando detalhes para divulgar a agenda, mas as fontes alegam que o contrato já foi assinado. Será a primeira palestra paga de Obama após deixar o comando da nação.

Muitos já especulavam que o ex-presidente entraria com força no mercado de palestras, mas não estavam certos de qual seria seu cachê médio. Se o valor de $400 mil for confirmado, Obama estará cobrando aproximadamente o dobro do que Bill Clinton costumava receber após sair do governo. E os Clinton, não custa lembrar, são denunciados por manterem uma fundação com laços suspeitos com bilionários interessados no acesso ao Salão Oval.

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A escolha do evento, caso confirmada, também coloca Obama em situação delicada em relação aos seus discursos enquanto presidente. Wall Street sempre mereceu críticas do então presidente, por sua ambição desmedida, sua ganância. Pelo visto, cobrar $400 mil de banqueiros por alguns minutos de retórica não é ambição desmedida, tampouco ganância. Deve ser, na cabeça de Obama e demais esquerdistas, um dos atos mais nobres e altruístas do planeta.

Para não variar, a esquerda fala uma coisa e faz outra. Wall Street, não custa lembrar, financiou muito mais a campanha de Hillary Clinton do que a de Trump. O bilionário especulador George Soros é o queridinho das esquerdas no mundo todo, ou ao menos seu bolso generoso para suas causas. A ganância e a desigualdade são sempre atacadas, mas da boca para fora. A única ganância ruim, pelo visto, é a dos outros, a daqueles que não pagam exorbitantes cachês para democratas ou não financiam suas campanhas.

Numa entrevista em 2009 ao programa “60 Minutes”, Obama foi categórico: “Eu não disputei o cargo para ficar ajudando um bando de banqueiros gatos gordos de Wall Street”. Talvez não, apesar de esses banqueiros não terem do que reclamar do governo Obama, que criou uma burocracia interminável com a Dodd-Frank que representou enorme barreira à entrada de novos concorrentes. Mas certamente os banqueiros gordos gostam de Obama a ponto de ajudá-lo dessa forma.

E olha que o ex-presidente nem precisa! Já é um multimilionário, e só com a editora Penguin Randon House, ele e sua mulher Michelle teriam negociado montantes acima de $65 milhões para um livro de memórias. Mas nada disso é visto como um problema para os “igualitários progressistas”. A riqueza só passa a incomodar mesmo quando pertence a algum republicano qualquer, prova de sua insensibilidade e mesquinhez diante de um mundo tão desigual. Como é doce a vida da esquerda caviar!

Rodrigo Constantino

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