Os americanos gastam cerca de 17% do PIB com saúde, bem mais do que a média internacional. Há muita intervenção estatal no setor, inclusive barreiras à livre concorrência. Mas a solução, segundo os democratas de esquerda, é socializar o sistema de saúde, importar uma versão do SUS para a América. Não daria certo. E a tentativa, com o Obamacare, não deu certo. Só encareceu a fatura e piorou o serviço.
Trump venceu com um duro discurso contra o Obamacare, o maior “legado” do presidente democrata. Chegando em Washington, porém, percebeu que o mundo da política não é como o dos negócios, e que “drenar o pântano” não seria tarefa tão simples. Alguns recuos e logo a imprensa torcedora cantou sua derrota: a reforma de saúde fracassara! Não tão rápido…
Hoje Trump conseguiu uma vitória, ainda que apertada, importante. A reforma proposta por Paul Ryan foi aprovada por estreita margem, o suficiente para uma celebração na Casa Branca. Ainda é cedo para dizer o que vem aí, pois o CBO sequer teve tempo de calcular o impacto na economia e o Senado nem analisou a reforma ainda. Mas, politicamente falando, foi um avanço para Trump.
Pode não ter sido um touchdown, mas o presidente republicano andou algumas jardas no campo, e colocou o Obamacare em xeque. Pelo pouco que foi visto até aqui, alguns especialistas conservadores lamentam que há muitas concessões, que o projeto está longe de desarmar completamente o socialismo na saúde e instaurar o livre mercado.
Os democratas, de forma sensacionalista, reclamam que mais de 20 milhões de americanos vão perder o seguro de saúde, e alegam que saúde é um direito, não um privilégio para ricos. Esquecem que saúde tem custo e, como todo produto, reage ao mecanismo de incentivos. Não por acaso o preço médio do seguro subiu com o Obamacare, e bastante: mais de 15% só no ano de 2016!
Com saúde não se brinca, sem dúvida. Mas nós, brasileiros, temos a obrigação de saber que não basta delegar ao estado os cuidados do setor e repetir que se trata de um “direito universal”. Na prática a coisa não funciona assim, e basta ver a “saúde” cubana, como é uma piada de mau gosto, apesar da propaganda enganosa da esquerda. Só o Michael Moore “acredita” que lá é um paraíso…
Mesmo na Austrália, Inglaterra, França ou Canadá, com sistemas mais coletivistas, há muitos mitos, e a realidade está longe de ser tão rosada. Ao contrário: há filas de espera, serviço ruim, corrupção, e os mais endinheirados frequentemente vêm justamente aos Estados Unidos em busca de melhores tratamentos.
Não existe almoço grátis, e o mesmo vale para a saúde. Obamacare foi uma resposta demagoga e coletivista, que só piorou as coisas. Trump ensaia uma resposta. Esbarra na realidade política de Washington, dificilmente vai entregar algo perto do que prometeu, mas ao menos está tentando e avançou um pouco hoje.
Para quem cantava sua derrota há poucos dias, esta quinta não foi um dia muito bom. Já o Obamacare, bem, esse subiu no telhado…
Rodrigo Constantino
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