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A ocupação dos desocupados – coluna desta semana na IstoÉ
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Eduardo era um bom menino de classe média, que jogava futebol de botão com seu avô e frequentava a missa aos domingos. Estudava bastante para ser alguém na vida, ter um emprego decente, sustentar sua família. Seu fim de semana era ocupado com leituras, de olho em sua formação como indivíduo independente.

Fernando era de classe mais alta, viajava bastante e tinha um iPhone última geração que ganhou da mãe. Cabulava aula para beber ou fumar maconha com os amigos ao som de Chico e Caetano. Jamais arrumava o quarto, mas queria “salvar o mundo”, e se sentia o legítimo representante dos pobres por votar no PSOL. Conheceu uma turma mais velha ligada a sindicatos e partidos de extrema-esquerda, e logo se encantou. Era membro agora de um “coletivo”, conseguia sexo fácil com as feministas do grupo usando sua camisa do Che Guevara. Um belo dia recebeu o comando do líder para ocupar sua escola com alguns companheiros.

Ficou excitado com a adrenalina: era sua chance de finalmente ser um revolucionário contra o “sistema opressor” e os “alienados”, como o pai do Eduardo, um policial “fascista”. Durante a “ocupação”, Fernando teria o controle da situação, respaldado pelo líder do movimento. Daria ordens, seria ele o policial, mas aplicando suas próprias leis arbitrárias em nome da “justiça social”. Foi assim que Fernando e alguns camaradas impediram a entrada de Eduardo na escola, ameaçando-o com porretes. Ele precisou pegar o ônibus de volta para casa, onde ficou estudando por conta própria para compensar o tempo perdido de aula. Enquanto isso, Fernando e seus colegas quebravam coisas e pichavam mensagens como “Fora Temer” nas paredes da escola.

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Rodrigo Constantino

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