Com o advento das redes sociais, há uma crescente percepção de que a grande imprensa brasileira é dominada por um claro viés de esquerda, apesar da acusação feita pela própria esquerda de que se trata de uma “mídia golpista da elite”. Pela primeira vez em muitos anos milhões de leitores tiveram acesso a um ponto de vista alternativo, mais conservador ou liberal, e foi possível compará-lo com a cobertura parcial do jornalismo, que acaba sempre puxando para o lado “progressista”.
Não é preciso aderir a nenhuma teoria conspiratória para constatar esse fato, apesar de Gramsci e sua “revolução silenciosa” terem colaborado para a situação. A explicação é mais prosaica: a maioria dos jornalistas sai das universidades com esse viés, pois submetidos a uma intensa lavagem cerebral. Fora isso, já é normal o jornalista ter uma postura mais esquerdista mesmo, como ocorre no mundo todo. Somando-se a isso o fato de que nosso governo controla 40% da economia, temos um quadro perfeito para o avanço dos intervencionistas.
Nos Estados Unidos a grande imprensa também tinha – e tem – um viés mais “progressista”. Basta ver como Obama é tratado pelos principais canais de televisão e jornais. Houve um verdadeiro “caso de amor” entre a mídia e o primeiro presidente negro americano, o que muitas vezes sacrificou a imparcialidade no tratamento dado ao homem mais poderoso do mundo. A “moderada” CNN ou o “equilibrado” NYT sempre se mostravam suaves demais com Obama, e duros demais com os Republicanos.
Mas há quase 20 anos, o produtor Roger Ailes convenceu o bilionário australiano Rupert Murdoch a colocar quase um bilhão de dólares num projeto ousado para criar o canal a cabo Fox News. Nascia ali um instrumento para dar voz aos milhões que se consideravam prejudicados ou ignorados pela grande imprensa enviesada. A história é bem contada no livro Roger Ailes: Off Camera, de Ze’ev Chafets, cuja leitura recomendo a todos que sentem a necessidade de algo similar no Brasil.
O autor passou bastante tempo ao lado do poderoso CEO da Fox News, mas não se trata de uma biografia autorizada. O que emerge das páginas é a figura de um sujeito hemofílico que teve uma infância dura, mas que com coragem e determinação soube vencer na vida, enfrentar inimigos, preservar um patriotismo saudável. Demonizado pela elite esquerdista, Ailes remou contra a maré vermelha e atendeu, com eficiência, a uma demanda reprimida que representa nada menos do que a metade da população americana.
O sucesso da Fox News é estrondoso e inegável: o canal tem mais audiência do que os outros três maiores – CNN, MSNBC e CNBC – somados. CNN vem ladeira abaixo há anos, perdendo telespectadores, enquanto a MSNBC só consegue pregar para os convertidos da seita socialista. A Fox, com seu slogan de “justa e balanceada”, pode até ter um viés de direita, mas veio para equilibrar o jogo, antes totalmente dominado pela esquerda. Mudou a história da mídia americana para sempre, e Ailes tem tudo a ver com isso, trazendo sua visão de produtor de “showbiz” e consultor político para o jornalismo.
Por isso mesmo é acusado por muitos do outro lado de afundar o jornalismo sério e isento, mas a acusação é uma piada quando se verifica a parcialidade escancarada dos que se fingem “neutros”. Sim, a Fox tem seu lado mais populista de direita às vezes, e soube trabalhar bem com as “Barbies” estonteantes que dão as notícias. Mas faz jornalismo sério sim, independente e corajoso, com apresentadores que confrontam o “establishment” e não se intimidam com a patrulha politicamente correta. Basta ver um Sean Hannity ou uma Megyn Kelly para comprovar. É isso que tanto desespera seus críticos.
Há muito mais Democratas na Fox News do que Republicanos nos demais canais. A Fox não é uma extensão do GOP, como alguns alegam, não mais do que os demais seriam uma extensão do Partido Democrata, se fosse o caso. Como diz Ailes, a grande diferença é que os outros deixam de fora um dos lados, enquanto a Fox não elimina o ponto de vista conservador da equação. Ao expor esse outro lado, isso já basta para que todo o beautiful people organizado destile sua ojeriza ao canal “direitista”. A esquerda nunca aguentou um debate de verdade.
De fato, basta ver o programa de Bill O’Reilly, líder de audiência há 15 anos, para ver que o apresentador não dá moleza para entrevistados que compartilham de sua visão de mundo conservadora. Mesmo amigos pessoais, como Donald Trump, enfrentam momentos de aperto com perguntas duras. Será que se pode dizer o mesmo do tratamento dos outros canais aos esquerdistas Obama e Hillary Clinton?
Eis o que a Fox News fez nos Estados Unidos: entrou num ambiente dominado pelo viés de esquerda e apresentou o outro lado da história, dando voz aos milhões que estavam órfãos politicamente na mídia antes. Isso bastou para que assumisse a liderança na audiência com folga, e despertasse a fúria dos “progressistas”, que antes gozavam do confortável monopólio na cobertura dos importantes fatos e acontecimentos políticos do país e do mundo. A simples presença da Fox forçou a migração dos demais canais para perto do centro. Tornou-se inviável não ter ao menos um apresentador ou comentarista com viés mais conservador, para oferecer ao telespectador o outro lado.
Diante disso, cabe perguntar: onde está a Fox News do Brasil? Não resta a menor dúvida de que um empreendimento dessa natureza seria revolucionário em nosso país. Sabemos, com base em pesquisas, que boa parte da população se considera mais conservadora, mas bastam alguns minutos na frente dos principais canais de televisão ou abrir os maiores jornais para perceber que essa gente toda está representada de forma desproporcional na imprensa, ocupada por “progressistas”.
Onde está, então, nosso corajoso Rupert Murdoch, com milhões para investir e um faro bom para detectar essa incrível oportunidade de negócios para atender a essa enorme demanda reprimida? Onde está nosso Roger Ailes, alguém que não tema ser demonizado pela elite esquerdista e possa levar para o jornalismo os valores mais conservadores, sem sacrificar o aspecto do entretenimento da coisa toda? Repito: onde está a Fox News do Brasil, para acabar com essa hegemonia esquerdista na nossa imprensa?
Rodrigo Constantino
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